As anarquistas do Paraguai¹ chamamos a não votar. Simplesmente isso, a não votar. A não ser parte, de nenhum modo, do show eleitoral feito para legitimar a desordem opressiva que nos fazem viver os poderosos criminosos que nos governam desde a política, da economia e da religião.
Não votar é não emprestar o corpo a essa operação de salvar as aparências que o sistema tem para dar umas pílulas de esperança de tempos em tempos com o propósito de: desviar as lutas sociais para uma saída eleitoral; reciclar a direção política do sistema cooptando novos participantes e ao mesmo tempo relegitimando aos velhos participantes; marcar a agenda noticiosa e midiática para desviar a atenção dos temas que realmente preocupam às pessoas e que tem que ver com sua vida econômica, social e territorial; concentrar em um espetáculo eleitoral toda a atenção social com o objetivo de medir as forças que são capazes de mobilizar os órgãos de controle e divisão política que são os partidos políticos.
Não votar é não tornar-se parte do sistema nem de sua legitimação rotineira. Não votar é, combinado com a luta social, uma declaração de rebeldia a todo o sistema e a quem são seus administradores políticos. Não votar é uma coerente declaração antissistema.
Não votar não é o mesmo que “votar nulo” ou “votar em branco”. Votar nulo ou em branco são propostas de partidos políticos que criticam a oferta de candidaturas que há nestas eleições, mas querem seguir legitimando as eleições e fazer sua própria medição de força eleitoral contando os votos nulos ou brancos como seus em vista de apresentar, chegado o momento, a seus dirigentes como candidatos. O chamado a votar nulo ou em branco é um chamado a participar das eleições sem eleger candidatos com a mesma intenção dos que elegem candidatos: medir seu “músculo eleitoral”, constituir-se como forças apetecíveis para futuras alianças eleitorais e propor desde já a seus dirigentes como possíveis figuras a aparecer em cédulas de voto.
Votar nulo ou em branco é o mesmo que votar: legitima e faz parte do sistema, não questiona nada salvo a oferta atual de candidaturas e tem o objetivo de medir a porcentagem eleitoral dos partidos que chamam a votar nulo ou em branco.
Por isso as anarquistas não votaremos, porque não legitimamos este sistema opressor em nenhuma de suas partes e propomos a luta e a desobediência em qualquer lugar. Se você acredita que é antissistema ou rebelde ao sistema, não vá votar, não empreste seu corpo ao sistema. O resto é politicagem antissocial.
Tetã’ỹ Periódico
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Tradução > Sol de Abril
[1] As eleições gerais no Paraguai estão previstas para 22 de abril, a sétima desde a redemocratização, em 1989. Além de um novo presidente e seu vice, serão escolhidos governadores, senadores e deputados, tanto no parlamento local como no do Mercosul.
agência de notícias anarquistas-ana
No verde da praça
a rã salta, salta, salta
e assusta quem passa.
Nilton Manoel
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!