Volta a iniciativa “Toma a rua”, vários pontos de difusão de propaganda anarquista em vários bairros de Madrid: Vallekas, Tetuán, Carabanchel e Moratalaz. Todos os sábados de junho às 12h.
Na era da conectividade, onde cada vez mais, tudo tem que estar relacionado entre si, graças ao progresso tecnológico, vemos dia a dia que o único que cada vez está menos “conectado” é o contato e as relações sociais que se produzem na rua.
E é que, como parte do processo de burocratização e despolitização de nossas vidas e da gestão de tudo o que nos rodeia: instituições, trabalho, dinheiro, família, conflitos… A rua não iria ser menos e não poderia ficar fora da mediação que realiza o Estado em todos os âmbitos que nos tocam.
Deslocando-se do comum para o público se translada o uso, gestão e o “bom funcionamento” das ruas (entre muitas outras coisas) para as administrações competentes de dar ou não permissão à utilização da rua para segundo quê ou qual assunto.
Não podemos tocar na rua sem permissão, manifestar-nos sem permissão, panfletar sem permissão, difundir atividades sem permissão, colar cartazes… Não podemos se não se utilizam os meios adequados para isso. Não sem seguir as regras do jogo.
Enquanto acontece tudo isto, vemos como cada vez mais, as caras da nova política nos dirigem para a era da transparência, da eficácia, da técnica, do cidadanismo, da regeneração democrática. E como parte deste processo, estas caras amáveis nos desviam e nos afastam do conflito que supõe ocupar a rua irrompendo na cotidianidade de nossas vidas.
Conflito, porque tudo aquilo que não se conforme às ordenanças municipais, rapidamente será reduzido, ocultado ou proibido. Utilizando todos os meios que se dispõem para isso: multas, apreensão de material, identificação das pessoas, a constante ameaça de prisão, coações, golpes.
Graças à aparição da internet e das redes sociais, cada vez mais estamos longe da rua.
E atividades ou tarefas que sempre se haviam realizado de maneira cotidiana e natural, se apresentam agora como algo a recuperar.
A difusão das ideias anarquistas na rua, de material e de propaganda, um simples ponto de encontro onde compartilhar ideias. É algo que estamos perdendo e que vemos necessário recuperar. Distribuidoras de partidos políticos, sindicatos, associações de moradores, grupos de cidadãos, organizações autoritárias… etc, não tem cabimento.
Crônica do mês de maio:
Começavam a funcionar os Pontos de Propaganda Anarquista em Vallekas. Vários postos se implantaram no bulevar, ponto concorrente entre as ruas de Monte Igueldo e Peña Gorbea. Se moveram diversas propagandas pela zona e se panfletou nas zonas ao redor textos contra a gentrificação e em defesa da okupação. Numerosas pessoas se aproximaram para passar um momento. Não se teve evidência de nenhum problema com a polícia.
Em Tetuán se realizou a iniciativa “Tomar a rua” pela primeira vez com tranquilidade. Foram à Praça das Palomas quatro distribuidoras e se panfletaram textos contra a gentrificação, em defesa da okupação e contra o especismo. Vários moradores se aproximaram para olhar as distribuidoras, falar com os companheiros e pegar a propaganda. Se estenderam faixas anunciando a iniciativa e em defesa da okupação. Às 14h se recolheram tanto distribuidoras como faixas e se finalizou o evento. Em Junho se voltará a realizar esta iniciativa no quarto sábado do mês e esperamos que todas aquelas distribuidoras e projetos anarquistas que queiram, cheguem para difundir seu material no bairro.
Em Moratalaz a manhã foi tranquila pese à presença de Vox na mesma praça com um posto. Se moveu material e se distribuíram grande quantidade de panfletos sobre anarquismo. A iniciativa foi bem recebida por boa parte das moradoras que expressaram sua alegria de ver iniciativas assim no bairro e seu rechaço aos fascistas de Vox. Às 14h30 se recolheram as mesas e se deu por finalizado. Voltaremos a montar no segundo sábado de junho.
Em Carabanchel, no sábado 19 de maio, se saiu à Praça de Oporto com diversas distribuidoras e uma faixa para visibilizar. Distribuímos jornais e panfletos anarquistas no metrô e pelos arredores desde as 12 da manhã até as 14h00. A manhã transcorreu sem incidente nenhum. Esperamos que os pontos de distribuição de propaganda dos meses seguintes sigam crescendo e se consolidando nas ruas. Nos vemos no terceiro sábado de junho!
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
Me comovem
tuas mãos limpas
e tua boca suja
Eliane Pantoja Vaidya
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!