“Maio de 68: a palavra anônima” recolhe entrevistas realizadas por Nicolas Daum a antigos membros do Comitê de Ação – hoje diríamos “assembleias de bairro” – dos distritos III e IV de Paris, um dos mais duradouros. Daum, membro ele mesmo daquele Comitê, localizou entre 1988 e 2007 a vinte de seus membros originais – obreiros, artistas, professores, engenheiros, de diversas idades – e conversou longamente com eles sobre sua experiência de Maio de 68, sobre sua vida antes e depois do acontecimento.
São todos participantes anônimos, nem celebridades nem mártires, mas pessoas profundamente implicadas naquele momento na atividade cotidiana e de base do movimento: assembleias, ações, iniciativas descentralizadas. São as vozes que desapareceram quase totalmente dos relatos de 68, eclipsadas pelas estrelas, os líderes e os porta-vozes designados a posteriori pelos meios de comunicação e a cultura oficial.
O método deste livro constitui, portanto, um ataque deliberado contra as estratégias de personalização, recuperação e espetacularização a que reduziram e estreitaram tanto a memória de Maio de 68 a um movimento puramente estudantil, localizado no Bairro Latino, que reclamava simplesmente uma mudança superficial, nos costumes, etc.
E ao mesmo tempo nos oferece a melhor descrição que pode se encontrar do que se experimentou em 68 quando o imaginário da política de emancipação se infiltrou na vida cotidiana das pessoas, permitindo superar as divisões alienantes entre vida pública e privada, vida política e comum, atividade social e maneiras de viver. Justo o que o filósofo Henri Lefebvre chamou “o cotidiano transformado” e que é ainda o desafio verdadeiro de toda política de transformação.
Mayo del 68: la palabra anónima. El acontecimiento narrado por los participantes.
Nicolas Daum
Acuarela Libros – Antonio Machado libros. Madrid 2018
430 págs. Rústica 21×14 cm
ISBN 9788477743484
22.00€
Tradução > Sol de Abril
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o infinito
em meus versos medidos
enfim, contido
Rosana Hermann

Anônimo, não só isso. Acredito que serve também para aqueles que usam os movimentos sociais no ES para capturar almas…
Esse texto é uma paulada nos ongueiros de plantão!
não...
Força aos compas da UAF! Com certeza vou apoiar. e convido aos demais compa tbm a fortalecer!
Não entendi uma coisa: hoje ele tá preso?