Lille, uma cidade ao norte da França atingida pelo desemprego, uma cidade perto da Bélgica, cheia de cultura, cujo prefeito normalmente é sempre uma mulher socialista, hoje é Martine Aubry. Lille, uma cidade europeia.
Foi aqui que aconteceu em 23 e 24 de março passado o colóquio intitulado “Anarquismo e Ciências Sociais”. Os idealizadores do encontro foram Sidonie Verhaeghe e Samuel Hayat, membros do centro de pesquisa Ceraps da Universidade de Lille. A primeira é uma jovem pesquisadora que escreveu sua tese de doutorado sobre Louise Michel, já o segundo se interessa na história e a representação do movimento operário.
Aproximadamente 100 pessoas participaram dos debates, apesar da greve nacional dos ferroviários e a tensão nas universidades francesas, pelos eventos violentos e fascistas ocorridos em Montpellier.
Para registro, apresento três observações: embora às vezes duvidamos da pertinência das ideias anarquistas e a influência da história do movimento anarquista no mundo contemporâneo, esse encontro nos permitiu uma reflexão sobre a profunda relação de interdependência entre as ciências sociais e as ideias libertárias. Isso foi constatado no decorrer dos debates, não apenas para a pesquisa universitária, mas também para os movimentos sociais, que são pontos fundamentais das lutas pela emancipação.
A segunda consideração é que, mesmo eu tendo a mesma opinião crítica sobre os novatos, muito provavelmente eu era o mais velho do grupo… Além disso, entre os 22 palestrantes, a maioria eram jovens pesquisadores, incluindo 7 mulheres. Em suma, não há uma paridade entre homens e mulheres, mas devagar as coisas estão mudando.
Enfim, os debates variaram do anarco-primitivismo à geografia, da subversão como paradigma de uma ciência anarquista, passando pela perspectiva do municipalismo libertário em relação à história das utopias reais, da etnologia ao anarquismo, até o anarquismo e à justiça social. Foram explorados diversos campos disciplinares, buscando relacionar a teoria com ações cotidianas.
Concluindo, foram dois dias que, longe de eu ter esquecido o meu pessimismo para uma visão maravilhosa do futuro, consegui enxergar que existe muita coisa a ser explorada, espalhar as ideias anarquistas, incentivando os jovens que estão entre nós, questionando a sensibilidade anarquista e libertária.
Mimmo Pucciarelli
Fonte: Rivista Anarchica | maio 2018 | arivista.org
Tradução > Regis Gava
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!