Não foi uma “transição exemplar” mas uma “transação vergonhosa” para conter quem buscava justiça após décadas de repressão e morte
A Confederação Geral do Trabalho (CGT) emitiu um comunicado no qual pede memória, justiça e reparação para as milhares de vítimas da Guerra Civil e do terror fascista imposto por Francisco Franco durante 40 anos.
A organização anarcossindicalista salientou que apesar da passagem dos anos, a justiça para estas pessoas e seus familiares segue sem aparecer. Neste sentido, a CGT recordou vários casos de impunidade estatal, como o procedimento contra os anarquistas Granado e Delgado, assassinados por garrote vil em agosto de 1963. Sua sentença de morte foi assinada por Manuel Fraga Iribarne, que passaria para a história como “pai da democracia”. Granado e Delgado foram torturados e acusados de instalar explosivos em dependências estatais de Madrid, no entanto jamais se puderam comprovar estas acusações.
Os “incidentes” nos Sanfermines do ano de 78, em Pamplona (Navarra), são outro exemplo da repressão fascista que se impôs nos primeiros anos daquela exemplar transição. A polícia do regime assassinou com um tiro frontal Germán Rodríguez, membro da seção basca da Liga Comunista Revolucionária (LKI), que contava naquela ocasião com tão só 23 anos de idade. A polícia, à ordem de “atirar com todas as energias e o mais forte que pudessem sem importar matar”, feriu também a mais de 150 pessoas.
A CGT, por outro lado, recorda o percurso de muitas famílias de vencidos e vencidas que tem que buscar a justiça através de seus próprios meios porque o Estado lhes abandonou a sua sorte. A lei de Memória Histórica de Zapatero, segundo a CGT, só foi uma “lavada de imagem” mas jamais teve a verdadeira intenção de resgatar das valas a tantas pessoas que deram sua vida na luta por um mundo mais justo.
A Confederação Geral do Trabalho (CGT), por outro lado, também criticou que sigam sem exumar-se e trasladar-se a lugares privados os restos de assassinos fascistas, como o General Quipo de Llano, mais conhecido como o “carniceiro de Sevilha” e que semeou o terror em toda Andaluzia. Foi Gonzalo Queipo de Llano quem mandou executar a uma coluna inteira de mineiros de Huelva, em sua maioria anarquistas. Hoje, seus restos, continuam sepultados na basílica da Esperanza Macarena de Sevilha, ao amparo da Igreja católica e seus acólitos religiosos, os grandes beneficiados do franquismo.
A CGT denuncia que não é suficiente a mudança de nomes nas ruas e praças do Estado espanhol ou a eliminação da simbologia franquista de povoados e cidades, utilizada politicamente nesta “democracia”. A CGT assinala que é necessário e urgente reclamar o fim da impunidade franquista, tanto a do antigo como a do novo regime, e declara que, como organização libertária, continuará lutando para que a memória dos que deram sua vida por um mundo mais justo continue viva, ano após ano, em nossa sociedade.
Gabinete de Imprensa do Comitê Confederal da CGT
Tradução > Sol de Abril
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