Faz mais de dois anos após o incêndio ocorrido na marcha nacional de 21 de maio de 2016, onde morreu por asfixia Eduardo Lara, guarda municipal do Conselho de Valparaíso.
5 pessoas foram culpadas preliminarmente, as quais são presas e subtraídas de suas casas, com vestimentas de diferentes tipos, destruindo suas casas, usurpando câmeras, discos rígidos, computadores e dinheiro. Aliás, esses objetos nunca foram devolvidos ou apresentados como prova durante o processo de investigação ou julgamento oral.
Observando que os 5 companheiros foram liberados após sua formalização, o processo investigativo foi iniciado, imputados por algo que nunca foi feito. Foi assim quando meses depois fui formalmente acusado pelo mesmo fato; autores do incêndio no prédio do Conselho Municipal de Valparaíso resultando em morte. É neste processo onde as minhas fotos aparecem dois meses e meio antes do fogo, fotos tiradas de minha vida diária, na qual sou comparado com um indivíduo encapuzado que aparece nas evidências audiovisuais daquela marcha. Eu me pergunto por que eles tinham essas imagens? Quem as fez? A este sujeito lhe acusam, duvidosamente, por portar uma jaqueta previamente tratada e declarada como prova ante o tribunal, onde diferentes policiais se contradizem constantemente quando depõe sobre dita roupa. Supostamente foram encontrados vestígios genéticos na jaqueta (anteriormente tratada), pela qual então se exigiu uma coleta de meu sangue, que obtiveram duas amostras, uma para análise e a outra para que? Esse teste de especialistas produziu um resultado positivo de DNA, enfatizando novamente: de uma peça manipulada. Essa é a sua única prova que é “vigorosa”, inventada de maneira vigorosa. Quanto à origem das fotos citadas, o mesmo promotor anunciou abertamente no tribunal durante o julgamento a intervenção da ANI (Agência Nacional de Inteligência), uma entidade composta de Carabineiros [polícia], ratos e milicos, diretamente sob o comando da presidência, fora de qualquer quadro jurídico com os seus próprios decretos que não acomodam os direitos de uma pessoa normal (chama-se alguém de normal quando não está sob o comando de qualquer instituição uniformizada e bastarda) e não vamos esquecer que a ANI é a continuação da impune e imoral DINA, dos assassinos da ditadura neste país.
Nesta montagem, as vidas de 6 pessoas foram expostas diretamente, porque indiretamente as afetadas são muito mais. O processo judicial foi truculento, fora da norma e ilegal aos olhos de qualquer “homem médio” (termo usado durante todo o julgamento pelo próprio Ministério Público para descrever qualquer pessoa com conceitos e critérios básicos). Claramente foram surdos, cegos e mudos, ignorando os argumentos da defesa, ignorando a ilegalidade, contradição e até mesmo a inconstitucionalidade neste julgamento, em plena vista de todo um país historicamente conhecido pela perseguição aos movimentos políticos e sociais, mesmo condenado pela CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (condenação pelos Mapuches) e pela COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS DA ONU (violando a liberdade de expressão). Como isso é possível? Porque o Ministério Público, a Intendência, os querelantes e os juízes são todos articulados, comprados e vendidos, todos pertencem ao mesmo saco.
Assim, nossa perseguição é evidente, toda uma montagem. E tudo porque alguns estavam participando em fóruns ambientais, para aprender, investigar e informar sobre os males corporativos que atacam e devastam o planeta, que exploram para obter todos os recursos e transformá-los no amado capital tão valorizada por essa elite proprietária destas mesmas mega empresas. Para eles são sempre mais e para você apenas migalhas, mão de obra barata e terras inférteis. O que vai crescer lá depois de seu abate? Nada saudável, nada vivo nem para nós nem para aqueles que virão.
Então, me refiro ao mega projeto IIRSA, em nível Sul-Americano estabelecido para criar uma super-estrutura feita para o trânsito de mercadorias a uma escala brutal, inserta nesta bela terra, a fim de roubar toda matéria-prima possível, enviá-la para os países fábrica e trazê-la feita produtos e bom, qualquer “homem médio” poderia continuar essa história triste sem fim. NÃO AO IIRSA.
Instâncias informativas sobre esses temas estavam monitorando cenários, afirmando que todos os companheiros faziam parte de um grupo organizado, sendo que muitxs de nós nem nos conhecemos. Com base nisso e no rastreamento do Facebook é que a acusação apresenta sua teoria “substancial e profissional” utilizada como base para o julgamento oral; deixando claro o concerto anterior, isto é, que tudo fazia parte de um plano organizado. Esta invenção nunca poderia ser sustentada legalmente nem provada no julgamento, no entanto, o Tribunal confirmou o sustentado pelo promotor Cristian Andrade, pela municipalidade e pela farmácia Ahumada.
Agora cabe perguntar: em que avidez todas estas personagens judiciais poderiam conluiar-se? O ponto está na importância do edifício, que foi deixado para queimar pelos carabineiros e bombeiros. Dentro desta propriedade havia arquivos importantes do ex-prefeito Castro, as investigações sobre as suas propinas, neste momento um fato, mesmo um assalto sofreu anteriormente este edifício, onde nenhum dinheiro foi roubado, mas apenas pastas e computadores onde estava a investigação contra Castro.
Atualmente essa investigação está estagnada porque misteriosamente tudo queimou. E objetivamente significa que o edifício foi deixado para queimar, bastando verificar a notícia ao vivo naquele dia em que os bombeiros disseram que os carabineiros com “tanto gás lacrimogêneo” não lhes permitiu passar. Também um dos bombeiros que testemunhou durante o julgamento indicou que as companhias não executaram ações até que a última delas veio, e são 15 companhias! Será que eles não poderiam começar a apagar o fogo com 14 companhias para controlar o edifício?
E como último ponto, com o qual, de uma maneira sensacionalista, lavaram as mãos, fingindo sujar as nossas; a morte de um trabalhador que não foi suficiente para a aposentadoria para sobreviver, um homem negligenciado por seus filhos, por isso ainda trabalhando para simplesmente comer. E todos os dias, praticava habitualmente horas extras, teve que trabalhar na sede do Conselho Municipal, cujas portas, diretamente declararam os bombeiros durante o julgamento, estavam trancadas e tiveram que usar ferramentas especiais, ainda com muita dificuldade para conseguir entrar.
Desde já faço um chamado a todxs xs movimentos libertários, feministas, animalistas, anticarcerários, ambientalistas, em defesa da terra, populares e quantos agrupamentos e individualidades existam para devastar essa montagem!
Estamos sendo observados, constantemente com infiltrados, controlando, arquivando e, literalmente prendendo para que possam continuar com a sua devastação e exploração. Eles nos querem ignorantes e submissos, eles querem gente silenciosa e alienada em sua sociedade do espetáculo, mas…
NÃO LHES DAREMOS O GOSTO, MAIS DO QUE NUNCA DENUNCIAMOS A NÍVEL NACIONAL E INTERNACIONAL O ASSASSINATO DA JUVENTUDE QUE VEM SENDO COMETIDO, ESTÃO NOS CONDENANDO ENTRE 15 ANOS A 25 ANOS DE PRISÃO EFETIVA SOMENTE PELO FATO DE LUTAR PELA VIDA.
NÓS NÃO NOS CALAREMOS, LUTAREMOS POR NOSSA LIBERDADE, ISSO NÃO TERMINA AQUI. FAZEMOS A CHAMADA PARA A MOBILIZAÇÃO, ORGANIZAÇÃO, MANIFESTAÇÃO E DIVULGAÇÃO DESTES FATOS.
PELA LIBERDADE E INOCÊNCIA DXS CONDENADXS
Caso 21 de Maio
Nicolas Bayer
Quinta-feira, 5 de julho de 2018
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
lua na neve
aqui a vida vai ser jogada
em breve
Kikaku
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!