Na terça-feira, 19 de junho de 2018, às 10h da manhã, em uma conferência de imprensa, a ativista do MOVE (“MOVER”) Debbie Africa realizou sua primeira aparição em público desde que foi libertada da prisão depois de 39 anos e 10 meses de encarceramento. Três dias antes, no sábado, 16 de junho, Debbie foi solta em condicional do State Correctional Institution (SCI), em Cambridge Springs, na Pensilvânia. Emocionada, ela fez uma série de declarações na conferência de imprensa promovida na Igreja Luterana Faith Immanuel, no East Lansdowne, na Pensilvânia. Outros oradores também participaram, como seu filho, Mike Africa Jr., e Brad Thomson, um dos seus advogados.
Debbie, hoje com 62 anos, disse, ao lado de seu filho, Mike Africa Jr., e sua neta, Alia [foto em destaque]: “eu estou muito feliz de finalmente estar em casa com minha família, mas Janet, Janine e o resto dos “9 do MOVE” ainda estão na prisão, na mesma situação em que eu estava e eles merecem a condicional também. Sair sem eles foi muito, muito, muito difícil. Meu marido [Mike Africa] ainda está na prisão. Uma parte da minha vida vai ser dedicada a libertá-lo.”
Debbie estava presa desde 8 de agosto de 1978, resultante de um conflito entre a polícia da Filadélfia e a organização MOVE. Ela era um dos 9 membros do MOVE, mais conhecidos como “MOVE 9”, ou os “9 do MOVE”, que foram condenados e sentenciados de 30 a 100 anos de prisão.
Debbie estava grávida de 8 meses na época do incidente e deu à luz ao filho na cadeia, Mike Africa Jr., hoje com 39 anos. Debbie ficou encarcerada a vida inteira de Mike, e os dois ficaram pela primeira vez juntos fora da prisão no sábado, quando ela foi solta. Ela disse, chorando, que havia muitas dificuldades na prisão. Mas nenhuma foi tão esmagadora quanto ter seu filho recém-nascido arrancado dos seus braços.
“Depois de nascer na prisão e nunca ter estado com minha mãe e meu pai, estou feliz de estar com minha mãe em casa pela primeira vez em quase quarenta anos. Mas minha família está incompleta, porque meu pai ainda está preso. Quarenta anos de separação não acabou para a nossa família”, disse Mike Africa Jr. Seu pai, Mike Africa, também é um dos “9 do MOVE” e ainda está preso. Mike aguarda para se apresentar à Comissão de Liberdade Condicional neste mês de setembro. Outros membros seguirão logo em seguida, enquanto Janet e Janine terão outra chance em maio próximo.
Janet Africa e Janine Africa, também dos “9 do MOVE”, tiveram seu pedido de condicional negado depois de se apresentarem à Comissão de Liberdade Condicional da Pennsylvania (PBPP) no mesmo dia que Debbie. Debbie é a primeira integrante dos “9 do MOVE” a conseguir a liberdade condicional. Os membros sobreviventes dos “9 do MOVE” estiveram elegíveis para condicional desde 2008 e tiveram cada um a sua condicional negada quando, anteriormente, quando se apresentaram à PBPP.
Brad Thomson, do Departamento de Direito do Povo, com sede em Chicago, que também é um dos advogados de Debbie, Janet e Janine, declarou: “é chocante que Janet e Janine tiveram a condicional negada. As circunstâncias e registros institucionais são quase idênticos aos de Debbie. A decisão de negar à Janet e Janine parece arbitrária e é difícil ver como a Comissão de Condicional poderia justificar isso baseado nos fatos que foram apresentados. As negações de liberdade condicional são políticas. Não desistiremos, vamos libertá-las”.
Além de Janet, Janine e Mike, três outros membros dos “9 do MOVE” permanecem encarcerados, já que dois morreram na prisão. Os seis integrantes sobreviventes dos “9 do MOVE” são todos elegíveis para condicional.
O MOVE ainda é uma organização política ativa, embora não tão visível quanto antes. Hoje o grupo se dedica principalmente à questões ambientais, como a luta contra as indústrias envolvidas no fracking de gás natural e no Dakota Access Pipeline.
Um pouco de história para entender o caso dos “9 do MOVE”
Em 13 de maio de 1985, o comando da cidade da Filadélfia governada por Wilson Goode, com explosivos fornecidos pelo governo federal de Ronald Reagan, bombardeou a casa coletiva da organização MOVE. Onze mulheres, homens, meninas e meninos foram queimados vivos e 62 famílias perderam suas casas neste ato de guerra urbana. Nenhum funcionário público passou um único dia na cadeia por este crime terrível.
Naquela época, o MOVE conduzia uma campanha para libertar nove dos seus membros detidos em uma prévia ofensiva militar desatada pela polícia da Filadélfia sob o governo de Franco Rizzo em 8 de agosto de 1978. Merle, Chuck, Janet, Phil, Eddie, Janine, Delbert, Mike e Debbie Africa foram condenados desde 30 a 100 anos de prisão por supostamente matar um policial com uma única bala. Desde então ficaram conhecidos como os “MOVE 9”, ou os “9 do MOVE”.
Tradução > Bakunemma
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