por Sarah Davin | 21/07/2018
Um filósofo apoiado com seu cotovelo direito sobre uma mesa, olhando pensativo para o nada. Sua barba grisalha, bagunçada e meio calvo, possivelmente encorajado a se retirar após anos de reflexão, contrastado com sua roupa formal. Apesar disso, a pintura parece viva com pinceladas coloridas sobre ele, ilustrando algum tipo de éter criativo.
“Hazen” é apenas uma das 24 peças de arte que fazem parte da Storm: Nihilists, Anarchists, Populists and Radicals, uma exposição do Studio Place Arts (SPA) em Barre. A exibição, localizada no segundo andar, inclui pinturas a óleo, pinturas clássicas e aquarelas feitas por Nitya Brighenti.
A maioria das obras foca em figuras do século 19 e retratos de escritores e pensadores políticos, como Mikhail Bakunin e Fyodor Dostoevsky, bem como algumas criações da imaginação do artista Brighenti, tal como a pintura “The Russian Bear”.
Brighenti também traz um extenso conhecimento das imagens que escolheu pintar. Enquanto caminhava pela galeria, falando sobre cada um dos filósofos como se fossem seus amigos, ele finalmente para em frente da peça mista “Itinerary“. Com linhas que se ligam sobre o rosto do filósofo alemão, Georg Hegel, a peça lembra uma teia de aranha, conectando pequenas imagens de diferentes personalidades políticas, literárias e filosóficas.
Para Brighenti, conhecer o trabalho que esses pensadores políticos escreveram foi essencial para o seu processo criativo. Na abertura, ele explicou, “Eu gosto de pintar algo que sinta alguma paixão. Me sinto apaixonado por Bakunin, por essas histórias, e quero ver os rostos, mas também quero arriscar uma nova interpretação. Eu pintei Bakunin várias vezes e ainda sinto como se eu não o tivesse alcançado de verdade”.
O termo “anarquia” traz um conjunto específico de imagens rebeldes/selvagens para a mente. Sua própria definição parece remeter ao caos. O movimento anarquista levou a bombardeios e assassinatos. É uma série de imagens que mostram medo e fogo, mas isso não é a verdade para Brighenti, dado que nenhuma das pinturas da exibição traz o fogo devastador que as vezes vem com a anarquia. Quando perguntado o motivo, Brighenti destacou a diferença entre as ideias originais da anarquia e o que o movimento se tornou.
“Anarquismo, diferente do comunismo, até onde sei, não tem tantas teorias sobre a ditadura do proletariado. Anarquismo é sobre cooperação entre as pessoas, possuir os meios de produção. Por exemplo, se você trabalha em uma fábrica, não seria ótimo se todos os trabalhadores possuíssem a fábrica, organizassem e compartilhassem os ganhos?”
Ao mesmo tempo que Brighenti se vê atraído pela ideia de companhia moldada e autogestionada pelos trabalhadores, ele não simpatiza com os pensadores que incitam violência. Para ele, parece haver dois anarquismos: O lado filosófico refletido nos retratos e um movimento destrutivo que por fim falhou. Essa rejeição é evidente, não apenas em como Brighenti fala sobre os revolucionários violentos, mas também em como rejeitou a presença dessas personalidades em sua coleção.
A exibição coincide com o Barre Heritage Festival, o que é mais do que por acaso. De fato, Barre tem sua própria história sobre Anarquismo. Junto à comunidade italiana anarquista de Barre estava Luigi Galleani, escritor e editor do jornal anarquista Cronaca Sovversiva(Crônica Subversiva). Quando perguntado sobre o anarquista mais famoso de Barre, Brighenti diz que acha Galleani uma pessoa complicada. “Eles tinham essa ideia de conexão, apoio mútuo e ajudar uns aos outros. Tem um jornal em New York que narra a prisão de Galleani. Todos os italianos foram para as ruas protestarem. Ele era um líder, um líder importante. Ele era o cara que estava apoiando suas esperanças”.
Quando perguntando se Brighenti enxergaria Galleani como uma figura positiva, ele respondeu, “Eu o veria, mas discordo com o tipo de violência que ele incitava porque se eu fosse um anarquista, o que não tenho certeza se sou, eu seria um pacifista”.
Storm: Nihilists, Anarchists, Populists and Radicals vai até 24 de agosto no Studio Place Arts
Tradução > Lucas Insuela
agência de notícias anarquistas-ana
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Buson
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!