1. Não tem nada a ver com individualismo
Diferentemente do que muitas pessoas dizem, o anarquismo nada tem a ver com o individualismo – alias muito pelo contrário. O anarquismo é marcado pela ação coletiva, pela solidariedade e pelo apoio mútuo. A autogestão, princípio fundamental dessa ideologia, pode ser traduzida pela democracia direta na economia e na política – ou seja, o coletivo está sempre presente nas ações relacionadas ao anarquismo. Evidentemente, o indivíduo é respeitado e valorizado dentro do anarquismo, mas sua liberdade só se realiza a partir da liberdade coletiva.
2. É uma ideologia socialista e revolucionária
Diferentemente dos seguidores de Karl Marx e Friedrich Engels, no entanto, não deveria haver um “período de transição”, pelo qual o Estado “proletário” controlaria a economia e seria usado como um aparelho de repressão contra as classes dominantes – a burguesia . Ou seja, não deveria haver a chamada “ditadura do proletariado”. Isso porque, para os anarquistas, a conquista do poder político pelos trabalhadores não é só inútil à revolução, como também perigosa, já que geraria um novo mecanismo de opressão contra os próprios trabalhadores, uma burocracia corrupta e violenta, que retiraria a autonomia e a força revolucionária da classe trabalhadora – o que de fato se evidenciou com as experiências do leninismo.
O socialismo anarquista, ou também chamado “socialismo libertário”, consistiria na formação de organismos nascidos do seio dos trabalhadores, ou seja, dos chamados conselhos proletários, em que, por meio de assembleias de democracia direta, os trabalhadores, de baixo para cima, tomariam as decisões sobre os rumos da política e da economia. Exemplos disso foram os conselhos trabalhistas na Comuna de Paris, os sovietes na Rússia, as coletivizações durante a Guerra Civil Espanhola, entre outros exemplos. O processo revolucionário em Chiapas e no Curdistão são experiências que podem ilustrar com proximidade a proposta do anarquismo, ou seja, uma sociedade sem Estado, marcado pela propriedade coletiva e pela democracia direta –embora não reivindiquem esse “rótulo”.
3. Esteve presente em praticamente todas mobilizações populares e trabalhistas dos últimos 150 anos.
O anarquismo esteve presente em grandes movimentos de massa desde o século XIX. Participaram da Comuna de Paris, da Revolução Russa de forma ativa, inclusive com a formação de um grande exército na Ucrânia – o Exército Negro Insurgente, que atuou decisivamente, junto com o Exército Vermelho, para a derrota da Contrarrevolução.
No Brasil, foram responsáveis pela gloriosa Greve Geral de 1917, que parou o país e conquistou direitos para a classe trabalhadora. Além disso, os anarquistas construíram todo o sindicalismo na América Latina e exerceram ampla influência no movimento operário norte-americano. Os anarquistas desempenharam um papel fundamental na Guerra Civil Espanhola, onde operárias e operários armados da Confederação Nacional do Trabalho enfrentaram com coragem o fascismo e colocaram em prática um projeto revolucionário em que 7 milhões de trabalhadores atuaram nas fábricas e nos campos sob o regime da autogestão e socialismo libertário.
Ainda, atuaram ativamente nos levantes de maio de 68, na França. O movimento zapatista do México também conta com influência de libertários como Emiliano Zapata e Ricardo Flores Magón. O povo curdo tem sua luta influenciada pelas ideias do anarquista Murray Bookchin. Também houve participação de anarquistas na Revolução Mexicana, Cubana e Chinesa, além da resistência ao imperialismo japonês na Coréia e em países da África.
4. Combate todas as hierarquias sociais, não só o Estado
O anarquismo tem por objetivo destruir não somente o Estado – personificação da dominação política, mas também TODAS hierarquias sociais e relações de opressão e exploração, como o capitalismo, a homofobia, o machismo, o racismo, etc. Defendendo o socialismo em todos os níveis, os anarquistas defendem uma rígida igualdade material, tanto política quanto economicamente. É exatamente por isso que a horizontalidade é um princípio fundamental do anarquismo, sendo a hierarquia só justificada se construída de baixo para cima.
5. Está crescendo no Brasil
Existem, hoje, no Brasil, mais de vinte organizações anarquistas (Apenas a título de exemplo: UNIPA – União Popular Anarquista; CALC – Coletivo Anarquista Luta de Classe; CAD – Coletivo Ação Direta; FARPA – Federação Anarquista Palmares; OASL – Organização Anarquista Socialismo Libertário), isso sem contar os inúmeros movimentos populares em que há ampla inserção anarquista, como no Movimento Passe Livre (MPL – luta pela mobilidade urbana), no Movimento Organização de Base (MOB – luta comunitária e por moradia), nas Ações Anti-Fascistas (combate à extrema-direita e à intolerância), além da participação ativa no movimento estudantil (Coletivo Quebrando Muros, Rede Estudantil Classista e Combativa, Resistência Popular Estudantil – todas contam com muitos anarquistas nas suas fileiras) e atuando também nas lutas trabalhistas (FOB – Fórum de Oposição Pela Base; RPS – Resistência Popular Sindical; LSOC – Liga Sindical Operária e Camponesa), etc.
6. Não é desordem, muito menos caos
Os anarquistas sempre defenderam uma forte disciplina e organização, bem como uma responsabilidade muito grande para com suas propostas, buscando uma ação coerente, de maneira a conciliar a teoria e a prática. Desde muito tempo, anarquistas têm se dedicado a uma luta incansável pela construção de uma sociedade justa, igualitária, livre e radicalmente democrática – evidentemente, marcada pela ordem.
Àqueles que defendem a necessidade da hierarquia, da autoridade, da polícia, da obediência irrestrita, as leis, a propriedade, o judiciário, a “democracia” representativa para que a sociedade funcione, eu lanço a pergunta: O mundo todo, raras exceções, segue à risca esse modelo. Estamos indo bem? Pois é…de forma alguma. Isso porque esses elementos não estão com problemas, eles SÃO o problema.
Enfim, nós, anarquistas, seguimos todo dia na luta popular pela emancipação dos estudantes, trabalhadores do campo e da cidade, pela socialização dos meios de produção, pela auto organização da sociedade livre de toda a escravidão e opressões que constitui a base da sociedade moderna, livre de empecilhos burocráticos e autoritários que sufocam o poder popular para a construção de uma sociedade libertária. Só o projeto para uma revolução social dos trabalhadores pode combater as formas de dominação: o capitalismo – dominação econômica, o Estado – dominação política, o racismo – dominação de uma etnia sobre a outra e o patriarcado – dominação da mulher pelo homem.
Lutar Criar Poder Popular.
Fonte: https://acoluna.co/5-coisas-que-voce-deveria-saber-sobre-o-anarquismo/
agência de notícias anarquistas-ana
esnobar
é exigir café fervendo
e deixar esfriar
Millôr Fernandes
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!