Policiais infiltradxs: Os outros rostos do ‘Caso 21 de maio’
Em 7 de julho de 2018 os Tribunais Orais no Penal de Valparaíso sentenciaram INJUSTAMENTE os companheiros Miguel Varela, Rodrigo Araya, Constanza Gutiérrez, Hugo Barraza, Felipe Ríos e Nicolás Bayer a penas efetivas de cárcere, entre 10 e 15 anos, pelo delito de incêndio com resultado de morte do sr. Eduardo Lara, acontecimento ocorrido em 21 de maio de 2016. Nossos companheiros foram condenados em um JULGAMENTO VICIADO, no qual não se apresentou nenhuma prova que confirmasse sua participação nos lamentáveis acontecimentos desse dia. O resultado do julgamento se baseou em um documento elaborado pela Chefatura de Inteligência Policial (JIPOL), conhecido como ‘Informe 76’.
O ‘Informe 76’ contêm uma série de fotografias e um vídeo de 46 minutos que registra as manifestações de 21 de maio. Estes registros dão conta de uma perseguição sistemática a nossos companheiros, que se inicia com muita anterioridade aos fatos que lhes imputam. Assim mesmo, evidencia o trabalho de policiais infiltrados nas manifestações desse dia. Ante estes fatos:
1. Denunciamos a ação dos serviços de inteligência policial. A participação de policiais infiltrados, homens e mulheres, não só dá conta de práticas de vigilâncias ilegais e ilegítimas, também nos gera uma série de questionamentos sobre o rol dos policiais em contextos de protestos. No vídeo do ‘Informe 76’ podemos ver claramente como os policiais colocam capuz, participam das agressões e promovem a violência, tudo isso enquanto gravam os manifestantes desde câmeras camufladas. São os próprios policiais que geram as condições que dão pretexto à repressão e que, além disso, lhes permitem construir provas que posteriormente serão usadas nos julgamentos. Desta maneira, os serviços de inteligência policial cumprem um papel central na produção de ‘montagens’. Trata-se de práticas de contrainsurgência que, mediante a criminalização do justo protesto, pretende desativar as mobilizações sociais.
2. Denunciamos a ação do tribunal que condenou os companheiros. O ‘Informe 76’ não é uma prova válida, pois a informação aí contida além de tendenciosa, é inconstitucional. Durante o julgamento os policiais que atuaram como testemunhas não entregaram informação sobre os procedimentos que geraram o ‘Informe 76’. Ao assumir suas declarações, o tribunal se torna cúmplice de uma tosca montagem. O tribunal carece de objetividade. O erro do tribunal dá conta da falta de transparência e as irregularidades não só deste tribunal, também de todo o sistema judicial chileno.
3. Reiteramos a inocência de nossos companheiros. Os companheiros são jovens lutadores sociais, defensores dos territórios, que injustamente foram condenados. Através de sua condenação, as forças de repressão do Estado pretendem criminalizar toda manifestação de descontentamento e rechaço ao capitalismo selvagem. Neste sentido, são vítimas de uma montagem que nos recorda que as obscuras práticas da ditadura ainda estão presentes, que o terrorismo estatal tem muitos rostos e que os policiais infiltradxs são um deles.
4. Exigimos a nulidade do julgamento. Miguel, Rodrigo, Constanza, Hugo, Felipe e Nicolás tem direito a um devido processo. Não é possível que esta injustiça destrua a vida de nossos companheiros. Não é possível que o sistema judicial valide as práticas ilegais e ilegitimas dos questionados serviços de inteligência. Não é possível que no Chile ainda existam policiais infiltradxs, rostos ocultos do terrorismo estatal.
Para finalizar fazemos um chamado a todas as organizações, coletivos e individualidades que trabalham na construção de um mundo diferente, que lutam contra o capitalismo depredador e acreditam na justiça, a se solidarizar com os companheiros. É tempo de romper os cercos comunicacionais que estrategicamente estão invisibilizando o caso, é tempo de propagar esta informação e exigir justiça.
Rede de Apoio às vítimas da Montagem do ‘Caso 21 de maio’
Valparaíso – Chile
Agosto de 2018
>> Vídeo “policiais infiltrados”:
https://www.youtube.com/watch?time_continue=11&v=-e_NhyhTvLg
Tradução > Sol de Abril
Conteúdos relacionados:
agência de notícias anarquistas-ana
A princípio: “O que é aquilo?”,
Mas depois…
“Campos de arroz!”
Paulo Franchetti
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!