Comunicado de imprensa, 20/09/2018
Na quarta-feira pela tarde, por volta das 15h45, o jornalista do movimento, blogueiro e ativista Steffen Horst Meyn morreu na vila de casas construídas no alto das árvores de Beechtown, na Floresta de Hambach. Caiu ao tentar documentar uma ação de desalojo em curso por parte das Forças Especiais da Polícia (SEK), desde uma ponte suspensa a uns 20 metros de altura. Os trabalhadores do resgate tentaram ressuscitá-lo. Mas, segundo nossa informação, apesar de tudo, morreu um pouco mais tarde, ainda na floresta, em um helicóptero de resgate.
Estamos comovidos e aturdidos por este trágico evento. Nos solidarizamos profundamente com a família e amigos do falecido e esperamos que obtenham a privacidade e a paz que seguramente necessitam nesta situação. Também para muitos de nós ele era um amigo cuja perda é difícil de entender. Especialmente as pessoas em Beechtown que, depois de semanas de estresse devido ao desalojo, agora tem que experimentar este terrível acidente, os desejamos muita força e paz.
Com toda a informação que conseguimos reunir no escritório de imprensa da Floresta de Hambach até agora, o ocorrido foi claramente um trágico acidente.
Na nossa opinião seria um acordo digno se todas as partes envolvidas mantivessem um baixo perfil pelo momento. Hoje, por outro lado, como reação, o Ministério do Interior e a polícia requereram a saída voluntária das casas nas árvores. Nesta situação, consideramos que é um uso estratégico da morte absolutamente inapropriado.
Na comunicação sobre a ocupação, e agora também sobre o acidente, o governo de Renânia do Norte-Westfália e a polícia recorrem a informes falsos. Na realidade, desejamos não ter falado ainda a nível político sobre o acidente. Desafortunadamente, depois da difusão de mentiras e a tentativa desrespeitosa de instrumentalizar a trágica morte de Steffen, agora nos vemos obrigados a fazer algumas correções.
1. No momento do acidente, a polícia e as forças de evacuação estavam em ação in loco em Beechtown. Anexamos aqui um vídeo e material fotográfico (https://bit.ly/2xyVOy5). É incompreensível para nós como a polícia pode afirmar o contrário.
2. Em seis anos de ocupação quase ininterrupta das casas nas árvores, este é o primeiro e único caso comparável. Durante seis anos e meio, as copas das árvores estavam habitadas, as pessoas subiam e desciam diariamente e se moviam entre as árvores sem que houvesse ocorrido um caso comparável até este momento. Agora o estado de Renânia do Norte-Westfália, a polícia e RWE [empresa de energia] estão tratando de explorar este trágico acidente para justificar a suposta necessidade deste violento desalojo, o consideramos indigno e uma burla àquelas pessoas afetadas.
3. A pergunta que nos acompanha todos estes dias é: ‘por quê?’. Durante semanas, a Floresta de Hambach foi assediada para chegar ao lignito subjacente. Não é uma coincidência, em nossa opinião, que este primeiro e fatal acidente na história da ocupação tenha acontecido neste momento, durante o desalojo.
Todos na ocupação se mantiveram durante várias semanas sob um estresse constante devido a campanha de desalojo, que foi lançada num ritmo alucinado. Ruído constante de expulsão e limpeza da floresta, projetores diurnos e noturnos e luzes azuis intermitentes, presença policial massiva no chão, ultrassom com cães latindo e gravações de ruídos de motosserras, assim como as informações sobre a atitude ameaçadora e violenta das Forças Especiais da Polícia que, sem dúvida, deixam rastros físicos e mentais em todos os envolvidos. A insônia, o estresse e a super estimulação são venenosos para a atenção e a tranquilidade essenciais para a escalada segura das árvores.
De acordo com nossa informação, não existe uma conexão direta com a grave ação policial no momento do acidente. Mas sabemos de primeira mão que o falecido só subiu nas árvores porque a polícia lhe impediu permanentemente de fazer seu trabalho de imprensa no chão.
“Depois que a imprensa frequentemente se viu restringida em seu trabalho durante os últimos dias na floresta de Hambach, agora estou a 25m de Beechtown para documentar o trabalho de evacuação. Não há faixa de barreira aqui que me impeça”. (https://bit.ly/2MPh6NB)
O governo do estado federal de Renânia do Norte-Westfália, a polícia e RWE também deveriam respirar profundamente estes dias e refletir. A tentativa de culpar a supostas deficiências de segurança nas construções é claramente uma estratégia nesta situação e a consideramos absolutamente inapropriada.
O que necessitamos agora é paz para o necessário duelo. Não é suficiente suspender as expulsões até novo aviso. A noite depois do acidente, Beechtown ainda estava iluminada com um sistema de focos e o som de cães latindo. A floresta ainda está cheia de forças policiais, as quais só experimentamos delas agressões nas últimas semanas e anos. As plataformas elevadoras, os tanques de desalojo, os canhões de água e as motosserras ainda estão na floresta e esperam seu uso. Esta não é uma pausa considerada.
O que se necessita agora é uma retirada imediata das unidades policiais e uma interrupção nas expulsões e no corte [de árvores]. A floresta e as pessoas necessitam de descanso para assimilar este acidente. Ademais, a polícia deveria reconsiderar fundamentalmente sua estratégia de implementar este louco ritmo de desalojo.
Houve demasiados incidentes nas últimas semanas que puseram em risco a saúde e a vida dos ativistas. A liberdade de imprensa foi restringida massivamente durante toda a operação. Material de segurança relevante como cordas de escalada, arnês de escalada e extintores foram sistematicamente apreendidos ou destruídos em grandes quantidades. E das pessoas nas árvores se esperava uma carga mental, emocional e física por esta presença massiva, que não é razoável para uma escalada segura nem para o processamento de uma morte.
Tudo isto tem que parar. Portanto, exigimos um imediato cancelamento total da operação e a liberação de todos os prisioneiros.
Sr. Weinspach e Sr. Reul: Deixe-nos chorar em paz.
Fonte: https://hambachforest.org/blog/2018/09/20/press-release-09-20-2018-tragic-death-in-hambach-forest/
Tradução > Sol de Abril
Conteúdo relacionado:
agência de notícias anarquistas-ana
Pérola no ar
Alva reluz e seduz
Quebra-se no mar
Umav
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!