por Marian Navarcorena | 29/09/2018
Agustín Martín Soriano é o autor de “Libertários de Aragão. Cronologia em torno de Joaquín Ascaso, o Conselho de Aragão e os anarquistas de nossa terra”, que esta tarde apresenta em Fraga, nos atos do Centenário da CNT na cidade.
Conte-nos sobre o sucesso do livro.
Saiu em 2015 e engloba todo Aragão. É por isso que o estamos apresentando para as pessoas, porque é raro que o movimento libertário não tenha um certo significado. Seus protagonistas morreram e o assunto tem sido tabu por décadas, já que os anarquistas eram os bandidos. E eles foram os grandes perdedores da guerra, passaram de força predominante para o desaparecimento.
Como você explicaria a um adolescente sobre de que tratas o seu conteúdo?
A primeira coisa é que você não se deixa levar pelo estereótipo de um anarquista agora igual ao terrorista. Se você ler o livro, verá que havia anarquistas que eram pedagogos; professores, pessoas como Ramón Acín cujo lema era que a criança não deve se bater nem com uma flor; intelectuais da estatura de Ramón J. Sender; artistas; naturistas e pacifistas. Eles eram pessoas que acreditavam que havia que convencer. E depois houve aqueles que apoiaram a violência como um meio.
E o Conselho de Aragão?
Foi o único governo legalmente constituído composto principalmente por anarquistas. Não há outro caso na história da Humanidade.
Como tem sido documentado?
A bibliografia é extensa, porque muitos dos que viveram a guerra escreveram suas experiências no exílio. Também entrei em contato com parentes, como os de Joaquín Ascaso, que me forneceram informações pessoais e fotografias. Fui ao museu de história social de Amsterdã, que tem todo o arquivo da CNT. Eu acumulei uma extensa documentação original que publico na página do Facebook Libertarios de Aragon. O livro inclui resenhas de 2.000 aragoneses e no corpus do livro aparecem os nomes mais importantes, desconhecidos para a maioria.
A relação da bandeira do Conselho de Aragão com a maçonaria é verdadeira?
Não é descartável. A maçonaria estava em toda a sociedade. O general Cabanellas, que se juntou ao golpe de Estado de 36 em Zaragoza, foi um companheiro da comitiva do líder da CNT em Zaragoza, Miguel Abós. Na verdade, aqui ninguém mexeu em nada porque confiavam nele. Quanto à bandeira, que não era do Conselho, mas de Aragão, localizá-la em 2011 em uma loja de antiguidades foi algo extraordinário.
Você acha que na sociedade de hoje é possível encontrar ideais anarquistas?
Sim, sob a bandeira dos movimentos sociais de ajuda mútua, de pessoas que lutam contra despejos, a especulação imobiliária e bancária, que se juntam no trabalho cooperativo ou no apoio solidário. Tudo isso bebe do anarquismo, adaptado ao presente. Mas a sociedade está acomodada e, mesmo que você esteja desempregado, você tem um subsídio e um celular e faz o download de filmes. É muito difícil convencer essa pessoa a sair do comodismo e lutar para mudar o mundo.
Direitos, bem-estar social…, palavras que nossos políticos usam.
Sim, mas vamos olhar para seus salários, sua aposentadoria, suas casas. Como eles podem dizer que as aposentadorias são inviáveis vivendo nessas condições? Eles não pregam pelo exemplo. Os anarquistas fizeram isso.
Tradução > Liberto
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