Quando se faz “campanha contra o fascismo” repercutindo palavras de ordem propagadas por limitantes de partidos políticos para alçarem seus candidatos ao poder (como o “ele não”, que pressupõe um “o outro sim”), se está permanecendo apenas no nível superficial da compreensão do fenômeno, pois o que está na raiz de todo este processo que assola não apenas o Brasil mas o mundo hoje, é exatamente a cultura sustentada pelo eleitoralismo (por todos os partidos, sejam de direita, esquerda, centro ou fundos), de condicionar a população a ficar dependente de “grandes salvadora/es da pátria”, que normalmente conseguem (esta/es “salvadora/es”) fazer passar todo um pacote ideológico de concepções de mundo uniformizantes (sejam de direita ou de esquerda) a partir do “gancho” de proporem “soluções fáceis” para algum problema urgente da sociedade (tal como – no caso da esquerda – a questão da “exclusão”, intrínseca ao funcionamento da máquina produtivista/consumista global, ou – no caso da direita -, a questão do crescimento da violência – consequência do crescimento do processo de “expulsões” intrínseco à grande máquina capitalista).
Outro exemplo do risco de se permanecer apenas no nível das aparências do fenômeno é o de se pensar que o fascismo doutrinário está tendo adesão massiva da população brasileira – em todas as classes sociais – com o crescimento da candidatura do Bozo Nazi: ora, eu, por exemplo, conheço várias pessoas próximas a mim que votam em Bozo Nazi e fazem isto apenas levadas pelo desespero de quererem ver resolvidas de forma “fácil e rápida” as questões da violência e da corrupção, mas que não compactuam ideologicamente com ideias racistas, homofóbicas, ditatoriais.
Não se deve tomar os exemplos da parcela de eleitores do Nazi que “fazem mais barulho” como sendo uma amostra significativa do universo daqueles que votam nele, sob pena de, por exemplo, deixar de perceber que uma boa parcela da/os que votam nele hoje, ontem estavam votando em Dilma ou em Lula, exatamente pelo mesmo motivo de terem sido condicionada/os pela cultura eleitoreira a buscarem soluções para os problemas sociais gerados pelo sistema através da eleição de pretensa/os “salvadora/es da pátria”.
Por tudo isto é que faço coro com a/os libertária/os que afirmam que é lamentável que a acusação de fascismo tenha sido apropriada hoje por aquela/es que – na perspectiva de um nível mais amplo e profundo de compreensão do fenômeno do fascismo – também são parte integrante e responsável por este fenômeno. E eu ainda acrescento: é muito mais lamentável que anarquistas estejam tão “míopes” que, a título de “combater o fascismo”, vão se prestar, uma vez mais, a contribuírem para a perpetuação da mesma cultura nefasta de “seguidismo de grandes salvadora/es da pátria”, que está na base do fenômeno em questão.
Então, o que eu proponho não é ficar “assistindo a tudo isto apenas porque não compactuamos com o sistema”, mas sim, que tenhamos a profundidade de compreensão do fenômeno necessária para que não nos deixemos ser manipulada/os por loba/os, movida/os pelo medo do leão.
Por isto, a única campanha que eu apoio, é a que sustenta o: #Eles Não!
Vantiê Clínio Carvalho de Oliveira
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