A seguir, breve relato do ato antifascista multitudinário que rolou em Porto Alegre (RS) no último dia 11 de outubro, e o texto do panfleto distribuído no protesto.
>> R e l a t o
No Ato Antifascista, do dia 11 de outubro, em Porto Alegre, muitas vontades e formas de luta se juntaram para mostrar que, a pesar das vergonhosas porcentagens de eleitores que optaram pelo fascismo, existem pessoas que pelos menos sairão nas ruas para mostrar um rechaço ao totalitarismo.
Muitas bandeiras se fizeram presentes no ato: A torcida antirracista/antifascista, feministas, antiespecistas, estudantes, anarquistas de várias propostas, bandeiras da diversidade sexual, bandeiras contra o racismo, um bando de capoeiras que, armados de berimbaus e uma faixa que dizia “Capoeira Angola Contra o Fascismo. Mestre Moa Presente. Vidas Negras Importam”, deram resposta de força diante do assassinato bolsonarista do Mestre Moa, em Salvador, na Bahia. Outra faixa lembrava aquela frase muito oportuna de Marighela: “Não Temos Tempo Para Ter Medo”, como conjurando o afastamento desse sentimento nestes tempos difíceis. “Marielle Presente!” gritava mais uma faixa, repudiando o assassinato paraestatal acontecido no Rio de Janeiro (RJ). Assim, foram várias as expressões que criaram uma turbulência de coletividades e individualidades no rechaço à figura do fascismo atual, Jair Bolsonaro.
A caminhada fluiu sem demoras. Claramente ecoava com mais força “ele não” e frases de rechaço ao fascismo. Mas, nos gritos, também podia se aperceber a intenção de alguns partidos, de esquerda, por se apropriar do ato fazendo campanha, seu empenho para se aproveitar de toda luta não tem limites. Foram eles, os da esquerda partidarista, quem propuseram terminar o ato no Largo do Zumbi, após menos de uma hora de caminhada. Felizmente, nesse momento, algumas pessoas mais se juntaram e chamaram para que o ato continuasse, e continuou.
Há tempo não se via um tumulto assim na cidade, um tumulto sob a consigna de oposição ao autoritarismo. É Importante ressaltar que estas primeiras saídas nas ruas são sinais significativas, tanto para nós que odiamos todo tipo de autoridade, quanto para os inimigos, de que haverão respostas diante do ressurgimento do autoritarismo, esta vez democraticamente eleito.
>> P a n f l e t o
NÃO ELEJA UM FASCISTA! SÓ A LUTA MUDA A VIDA!!!
Calar hoje é ser cúmplice.
Nunca, estaremos a serviço dos tiranos, nem seremos os tiranos de ninguém. Se hoje saímos, nas ruas, é para nos revoltar contra a ascensão da visão de mundo que louva o fascismo e o autoritarismo.
O sentimento de desilusão com a democracia que tem se consolidado através da mídia e da ausência de propostas libertárias e críticas radicais, vem fortalecendo uma onda reacionária muito perigosa, cuja personificação está na figura de Jair Bolsonaro. O candidato, autor de diversas frases racistas, homofóbicas e machistas, não esconde sua intolerância tão bem quanto esconde as quantias vergonhosas recebidas em propina por seu partido (PSL) e seus 2,6 milhões em bens da Justiça Eleitoral. Anticorrupção? Nos conte outra.
A principal bandeira de sua campanha, o porte de armas, explicita seu comprometimento com os interesses dos ricos, que controlam a segurança privada e contam com as polícias para os proteger, enquanto os mais pobres atiram uns nos outros e são exterminados nas periferias pela policia e o exército. Bolsonaro não tem proposta de cultura e ensino públicos – o que sabidamente reduz as estatísticas criminosas – e ainda se posiciona contrário aos investimentos em saúde e educação, tendo votado a favor da Emenda Constitucional 95 que congela os gastos públicos nesses setores por 20 anos.
Não existe ameaça comunista no Brasil, mas uma ameaça às nossas vidas por parte do escravismo moderno o qual representa Bolsonaro. ELE É INIMIGO DE TUDO O QUE EXISTE! Sua proposta de governo é um genocídio devagar: Acabar com o 13º salário, licença maternidade e creches comunitárias, além de aumentar os impostos que pagam os trabalhadores, a defesa aberta do ódio racial e a entrega da Amazônia para ser explorada. Só se engana quem quer: O MITO É UMA MENTIRA.
Somos todos nós, os que já lutamos contra um sistema que tem nos declarado a guerra há séculos, quem vai pagar essa conta. Sendo confrontados pelos fascistas de sempre, que agora sentem a proteção estatal para poder agredir todo aquele que não pensa como eles.
Por cada morto pelo fascismo, por cada agressão contra a vida livre, precisamos reagir e combater a ascensão do fascismo imposto pela absurda democracia que nunca melhorou nada para a grande maioria.
Sair para combater o fascismo, não se trata de se unir a todo mundo acriticamente, facilitando ser usados como campanha de outro partido. Não precisa eleger ninguém para mostrar o descontentamento com a política atual. A própria democracia e o voto foram os que situaram o novo fascismo onde está: pronto a governar. Trata-se, simplesmente, de compartilhar o embate ao fascismo e ao autoritarismo, de sair nas ruas para mostrar que a chibata dos fardados não nos governará, que não temos medos nem fraquezas, muito pelo contrario, QUE ESTAMOS NAS RUAS NA DEFESA DA LIBERDADE CONTRA TODA OPRESSÃO: FORTES, DECIDIDOS E OBCECADAMENTE INGOVERNÁVEIS.
Porque o tirano, não admite nenhum suspiro de liberdade, as pessoas livres não admitimos tiranos, de cor nenhuma, nem seus defensores.
NEM FASCISMO, NEM REFORMISMO: SÓ A LUTA MUDA A VIDA!
Porto Alegre.
Outubro de luta, 2018
agência de notícias anarquistas-ana
O vento cortante
Assim chega ao seu destino –
Barulho do mar.
Ikenishi Gonsui
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!