
A República Anarquista na Espanha e o idealismo da esquerda
por Newton Miranda, Arquiteto e professor de História | 29/08/2018
No início da década de 1930, na Espanha, havia uma ebulição política: esquerda e direita estavam fervilhando e o caldo em breve entornaria. Uma violenta guerra civil eclodiria.
A direita, organizada em torno dos nacionalistas e conservadores, incluindo as Forças Armadas, a Igreja Católica, os grandes proprietários e os demais setores que, de um modo geral, possuíam em comum o ódio às esquerdas. À frente desse ódio, estava o general Francisco Franco.
A esquerda agrupava-se em torno da frágil República. Eram os sindicalistas, comunistas, liberais, democratas e os anarquistas. O apoio da União Soviética, de Stálin, deixava bem claro, para a oposição direitista, o rumo que a Espanha deveria tomar com os republicanos.
Partida, seccionada pelas ideologias conflitantes, a Espanha e seu povo caminhavam para o genocídio.
Os anarquistas, por exemplo, atuantes desde o século XIX, almejavam um governo sem Estado, baseado no esforço coletivo e comunitário dos trabalhadores. Durante a Guerra Civil, que explodiu em 1936, os anarquistas chegaram a organizar governos anárquicos em algumas partes do país, tomaram fábricas e propriedades que foram entregues à gestão dos trabalhadores. Em vão!
Francisco Franco venceu. Os conservadores nacionalistas venceram e empreenderam uma “faxina” ideológica no país. Muitos foram mortos, presos, torturados. Fugiram da Espanha. Uma fé, uma pátria e um caudilho. Esse foi o lema da Espanha franquista.
A imagem de Guernica, imortalizada na obra de Picasso, é um retrato da destruição que provocou tantas mortes. Os fascistas, com apoio de Hitler e de Mussolini assumiram o poder. Franco governou a Espanha até o ano de sua morte, 1975.
Na União Soviética, que estava sob o regime totalitário de Stálin, o Estado oprimia e expurgava a oposição. O povo, a quem o governo representava, era massacrado e obrigado a cultuar o ditador.
É isso, esquerda e direita, quando radicais, oferecem uma panaceia política, sob um argumento ideológico questionável, que produz regimes execráveis. Regimes que pairam em nossa memória como fantasmas.
Fica o registro de versos de Garcia Lorca, poeta morto pelos partidários de Franco.
“Eu tenho sede de aromas e de sorrisos,
sede de cantares novos
sem luas e sem lírios,
e sem amores mortos.”
Quantos amores morreram na Guerra Civil? Quantos mortos não puderam amar?
Talvez, a morte seja o resultado lógico das disputas ideológicas.
>> Nota da “ANA”
Ressalvas: o trecho que fala do apoio da União Soviética, dá a entender que os stalinistas teriam dominado a Espanha, e na verdade não é possível saber, e esse raciocínio subestima os anarquistas que eram a principal força revolucionária. E mesmo os milicianos ligados à União Soviética não eram necessariamente stalinistas, muitos se opuseram à Stálin e foram mortos por isso.
agência de notícias anarquistas-ana
Tonalidade
Palidamente verde
em rosa fogo
Helena Monteiro
Anônimo, não só isso. Acredito que serve também para aqueles que usam os movimentos sociais no ES para capturar almas…
Esse texto é uma paulada nos ongueiros de plantão!
não...
Força aos compas da UAF! Com certeza vou apoiar. e convido aos demais compa tbm a fortalecer!
Não entendi uma coisa: hoje ele tá preso?