por Vantiê Clínio Carvalho de Oliveira | 02/11/2018
Fascismo, propriamente dito, é um “todo” ideológico que abrange um aspecto moral (de costumes) e uma visão política sobre a função do Estado.
No aspecto moral, o fascismo caracteriza-se pela defesa das “tradições”, tais como o enaltecimento do cristianismo, da pátria e da família.
Já a visão política fascista é caracterizada pela defesa da expansão do Estado para ocupar todos os meandros da vida social e está sintetizada na famosa frase de Benito Mussolini: “tudo no Estado, nada fora do Estado“.
Quando compreendemos este “todo ideológico” que compõe o fascismo propriamente dito e cientes dele lançamos o olhar para os campos da direita e da esquerda no Brasil hoje, verificamos uma espécie de fenômeno de “divisão do bolo do fascismo” entre estes dois lados, senão, vejamos:
Pela esquerda, se não se faz a defesa ostensiva do aspecto moral deste “todo”, por outro lado, se promove políticas de expansão do Estado para ocupar meandros da vida social antes não subordinados a este, por exemplo, através da instauração de legislações como a “Lei Antiterrorismo” que submete – de forma mais escancarada que antes – as vidas de qualquer cidadã/o “inconformada/o” ao controle e escrutínio policial arbitrários, bem como a lei do “Marco Civil da Internet”, que submete todos os movimentos da/os cidadã/os na rede ao monitoramento inescrupuloso dos governos (então, deste modo, cada vez mais, todas as vidas da/os cidadã/os estão “dentro do Estado”, “nada fora do Estado”).
Já pela direita, se faz a defesa ostensiva dos aspectos morais do “todo ideológico do fascismo”, por outro lado – ao invés do que apregoa o fascismo sobre o Estado -, se promove doutrinas e políticas aparentes de redução do Estado, as chamadas “políticas de austeridade” e de “enxugamento da máquina”.
Então, como se pode ver, a “totalidade do bolo” ideológico fascista parece estar dividida em duas metades, uma direita e outra esquerda.
Logo, “comprar” qualquer das metades deste bolo pensando que se vai “trocar chocolate por morango”, é receita certa para uma boa indigestão.
E mais do que isto: com tantas “complementaridades reversas”, não será de admirar se, algum dia, as duas metades do “bolo” vierem a ser unidas em algum grande “casamento”.
agência de notícias anarquistas-ana
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