O Centro de Cultura Libertária (CCL), associação anarquista com 44 anos de atividade em Cacilhas-Almada, encontra-se novamente ameaçado. A contínua pressão do negócio imobiliário, a alteração da lei das rendas e a gentrificação que impõem a saída de moradores dos lugares centrais das cidades, a destruição de espaços sem fins lucrativos ou o encerramento das lojas de bairro, atingem agora também o CCL.
O que se passa?
Não é a primeira vez que a permanência do CCL na sua sede histórica é posta em causa.
Entre 2009 e 2011 o Centro de Cultura Libertária resistiu contra um processo de despejo movido pelo senhorio. Apenas a solidariedade de muitos coletivos e indivíduos aqui e além fronteiras nos permitiu fazer frente aos custos do processo judicial, que acarretou dois julgamentos e um recurso. No final, chegamos a um acordo de aumento de renda que nos permitiu continuar no espaço sem alterações na duração do contrato.
No entanto, em 2014, fruto das mudanças na lei das rendas a favor dos interesses dos proprietários, a duração do contrato do CCL passou para um prazo de cinco anos. Chegamos agora, no final de 2018, à altura em que, tal como vem acontecendo a milhares de inquilinos, a continuação do arrendamento do nosso espaço ficará à mercê da vontade do proprietário e das condições que este nos quiser impor.
Porquê apoiar o CCL?
O CCL é um ateneu cultural anarquista fundado em 1974 por velhos militantes libertários que resistiram à ditadura, ocupando desde então o espaço arrendado no número 121 da Rua Cândido dos Reis, em Cacilhas. O Centro possui uma biblioteca e um arquivo únicos em Portugal, com documentos produzidos ao longo dos últimos cem anos, assim como uma distribuidora de cultura libertária. Tem sido um espaço fundamental para o anarquismo em Portugal acolhendo sucessivas gerações de libertários. Durante a sua existência, o Centro acolheu inúmeras atividades, tais como debates, encontros, círculos de leitura, sessões de vídeo, oficinas, jantares ou diversas oficinas de aprendizagem, e serviu de casa a muitos grupos e coletivos libertários. Diferentes publicações aqui se editaram, como a Voz Anarquista nos anos 70, a Antítese nos anos 80, o Boletim de Informações Anarquista nos anos 90 e a revista Húmus na primeira década deste século.
Enquanto associação anarquista, o funcionamento do CCL é horizontal e tem por base a assembleia de sócios, onde são tomadas as decisões e distribuídas as tarefas inerentes à vida da associação. A participação no CCL é sempre feita de forma voluntária, não-remunerada e sem fins lucrativos. As únicas fontes de financiamento são as quotas dos associados, as receitas da livraria e dos jantares e os donativos solidários.
Que futuro para o CCL?
Não queremos que o Centro de Cultura Libertária acabe! Queremos que continue a existir enquanto associação libertária ativa por muitos anos!
Mas neste momento o futuro do CCL está em aberto: pode passar pela permanência no mesmo local, pagando uma renda bem mais elevada, ou pela mudança para um novo espaço, onde procuraríamos ter melhores condições para as nossas atividades, mas onde as despesas serão também mais elevadas.
Em ambos os casos, e face às condições impostas pela atual bolha do mercado imobiliário, sabemos que vamos precisar de meios financeiros de que não dispomos. Por este motivo, vamos iniciar uma campanha de angariação de fundos, que incluirá um crowfunding, concertos, jantares e outras iniciativas.
Contamos com o teu apoio solidário para que juntos possamos garantir um futuro para o CCL.
Centro de Cultura Libertária
Outubro de 2018
>> Dados da conta bancária do C.C.L. para donativos
Titular: CENTRO DE CULTURA LIBERTÁRIA
IBAN: PT50003501790000215493029
(Banco: Caixa Geral de Depósitos)
>> Campanha de crowfunding do CCL:
>> Contatos
E-mail: ateneu2000@gmail.com
Correio: Apartado 40 / 2800-801 Almada – Portugal
culturalibertaria.blogspot.com
facebook.com/CentroDeCulturaLibertaria
>> Vídeo (04:47) promocional do CCL:
https://www.youtube.com/watch?v=emBwoDV–uI
agência de notícias anarquistas-ana
árvore seca
a lua é a mosca
em sua teia
Aclyse de Mattos
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!