Eduardo Torres, Punk ou Calopsita. São algumas das diferentes maneiras pelas quais o companheiro anarquista é lembrado por amigos, amigas e familiares, entre outras que certamente habitam nossas memórias individuais e coletivas. Com certeza, o próximo dia 12 de novembro será uma data de triste lembrança para as pessoas de suas famílias, do punk e das lutas populares no campo e na cidade.
Entre os anos de 2012 e 2017, o compa Eduardo Torres foi figura presente em diferentes manifestações por direitos sociais em Joinville/SC. Protestos contra os aumentos de tarifas no transporte coletivo e contra a máfia dos zarcões, em defesa dos direitos humanos e contra todas as formas de opressões. Na jornada de lutas de junho de 2013, ao lado de muitos punks das periferias, ocupou as ruas para expor toda a sua raiva contra o sistema. No dia 13 de julho de 2016, no momento do desfile da tocha olímpica por Joinville, Eduardo tentou apagar a tocha, símbolo da expulsão de milhares de famílias das suas casas e do enorme gasto de dinheiro público em interesses privados.
Em 2017, no III Sarau Primeiro de Maio, organizado pelo Coletivo Anarquista Bandeira Negra, na sede da AMORABI, Eduardo esteve presente, dialogou, se emocionou e pensou sobre novas formas de atuação política. Semanas depois, o compa se juntou ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, integrando o acampamento localizado em Araquari.
No acampamento organizou uma pequena biblioteca com temas de literatura brasileira, filosofia, questão agrária e anarquismo. Ao lado de outras e outros compas acampados, buscou realizar um trabalho de base baseado na autogestão e autonomia.
No dia 07 de novembro, estivemos no acampamento. Por lá conversamos com Eduardo, conhecemos sua casa construída com as próprias mãos, sua horta sem agrotóxicos, e doamos novos títulos anarquistas para sua biblioteca. A lembrança mais forte deste dia é o quanto o compa estava integrado no ambiente rural, o quanto era querido por muitos trabalhadores e trabalhadoras sem terra.
Ali no acampamento ele era conhecido como Calopsita, por conta de seu corte de cabelo punk, o que não o impediu de estar junto ao seu povo e estabelecer laços de confiança. Nessa visita, quando era a hora de nossa partida, um camponês mais velho havia pedido ao Eduardo para que ele cortasse o seu cabelo – apoio que foi prontamente atendido.
O próximo dia 12 de novembro completará o primeiro ano do assassinato do companheiro anarquista Eduardo Torres. As motivações e o contexto de sua morte ainda são desconhecidos. Enquanto isso, companheiras, companheiros de militância e familiares sofrem com o silêncio por parte do Estado, cuja responsabilidade de investigação é da Polícia Civil.
Quando a injustiça e a morte são feitas contra os pobres, oprimidos por todas as formas, o Estado Policial de Ajuste permanece cúmplice, em silêncio. As nossas memórias fervem por justiça!
Punk, presente!
Calopsita, presente!
Eduardo Torres, presente!
06 de novembro de 2018. Coletivo Anarquista Bandeira Negra – integrante da Coordenação Anarquista Brasileira.
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passa a outro galho.
Anibal Beça
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!