[Espanha] Palestra-debate “Contra a engenharia genética e seu mundo: a reprodução artificial do ser humano”

Sábado 15 de dezembro, 18h00, Local Anarquista Motin (Calle Matilde Hernandez 47, metrô Oporto, Madrid)

A reprodução artificial do ser humano, através de suas diversas formas (fertilização in vitro, procriação médica assistida…) gera um novo proletariado, sobretudo de mulheres, forçada a alugar seus corpos e vender os produtos que daí advêm. Fragmentando o corpo da mulher e transformando algumas de suas partes em mercadorias que podem ser compradas e vendidas seguindo a lógica mecanicista e produtivista do sistema tecnoindustrial, a mulher se converte em uma fábrica para reprodução. Transforma as crianças em produtos manufaturados, modificados de acordo com os padrões do mercado, a criança é construída em uma fábrica-laboratório, “made in pipeta”, geneticamente melhorada. Não há uma eugenia liberal – embora os ricos sejam capazes de satisfazer, em parte, os seus caprichos de filhos perfeitos. Será uma eugenia forçada, ditada pelos imperativos do Estado e da economia.

Não há eugenia cidadã nem “transumanismo democrático”. Qualquer crítica parcial à reprodução artificial do ser humano será dirigida pelos comitês de ética e servirá para aceitar o inaceitável. A esquerda tecno-liberal – transumanista declarada ou não, filósofos pós-modernos… – mantém voluntariamente a confusão entre a igualdade e a identidade biológica, incluindo a emancipação política e a abolição da natureza, sob a capa do progresso, esta esquerda alimenta um projeto totalitário: a abolição, através da recriação tecnológica, de tudo que nasce, de tudo que está vivo. Essa esquerda ciber-liberal distorce a luta pela liberdade individual com a desculpa da liberdade mercantil. Confunde a igualdade política e a padronização biológica dos indivíduos. Sonha com uma eugenia liberal, a abolição do corpo e o útero artificial. Pós-humanidade fantástica através da recriação tecnológica da espécie humana. Sob o disfarce de transgressão e rebelião: a adesão entusiasta ao tecnocapitalismo.

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um rumor de asas
na vidraça da janela —
vem caindo a noite

Leonilda Alfarrobinha