Uma Noite de Arte Devastadora de Barulho e Protesto contra a Crise Humanitária. Em Solidariedade a Todas as Vítimas das Atrocidades Estatais
“Eu vejo humanos, mas não vejo humanidade“ – Jason Donohue
Em 16 de outubro, é celebrado a cada ano o Dia Mundial da Alimentação, como homenagem à fundação da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, que data de 1945. O dia é amplamente celebrado por muitas outras organizações que se preocupam com segurança alimentar, incluindo o Programa Alimentar Mundial e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola.
16 de outubro é também o Dia Mundial Anti-McDonalds. Lembremos, no entanto, que qualquer dia é um bom dia para protestar contra o incentivo da junk food, seu direcionamento antiético voltado às crianças, a exploração dxs trabalhadorxs, a crueldade contra os animais, os danos ao meio-ambiente e a dominação global de corporações sobre nossas vidas!
Coincidentemente, a criação do Food Not Bombs de Baliuag foi nesse dia, 16 de outubro, em 2003, sendo composto por jovens que começaram a organizar shows de punk/hc baseados na lógica do Faça Você Mesmo, se juntando e colaborando com a ação social, política e ecológica. Nesse dia, celebramos o 16º ano de existência contínua de voluntárixs empenhadxs e guerreirxs da paz do Food Not Bombs Baliuag, que providenciam refeições gratuitas para todas as pessoas que são negligenciadas pelo governo e por outras instituições. Nesses 16 anos, emergiram muitas tentativas e esforços para estabelecer projetos comunitários, como a criação de um Centro de Aprendizagem Alternativa ou de uma Infoshop, para promover a alfabetização para comunidades marginalizadas, assim como a Jardinagem de Guerrilha, que enfatiza a importância de se produzir sua própria comida. Coletivos tais como o Urban Chaos e o Pinagkaisahan Kolektiba surgiram e desapareceram. O Food Not Bombs Baliuag também faz parte da campanha Free Sagada 11, para libertar punks que foram torturadxs e detidxs em 2006. Em 2007, voluntárixs da Food Not Bombs Baliuag se impuseram contra a JPEPA (Acordo de Parceria Econômica Filipino-Japonês) e também estiveram envolvidos com ações de solidariedade contra o G8. Até hoje, além de providenciar comida para pessoas em situação de vulnerabilidade, xs voluntárixs do FNB Baliuag permanecem críticxs em relação a como o sistema opera, se preocupando em imaginar, admirar e criar mudanças por um mundo melhor. O FNB Baliuag também é adepto do Really Really Free Market (Mercado Realmente Realmente Livre), doando roupas e outros recursos úteis para pessoas desprivilegiadas, tanto é que outrxs voluntárixs iniciaram uma Escola Livre chamada Atinto Otonomiya Free School, a qual fornece uma plataforma apta às ruas, para ensino livre, conscientização e educação.
Em 16 de outubro, foi organizado um evento para celebrar e reunir todos xs nossxs amigxs, simpatizantes, voluntárixs e famílias, para se unirem a nós em uma noite de arte devastadora de barulho e protesto contra a crise humanitária. Nós acreditamos que as guerras incontroláveis, a fome, a pobreza, a injustiça, a destruição ecológica são provocadas por seres humanos que lucram em cima disso, e que essa situação abala os relacionamentos, a compaixão, o amor e a paz. Estamos no meio de uma crise humanitária e não queremos que essa crise continue. Esse evento também é parte de nossa solidariedade para com as vítimas das atrocidades estatais, uma vez que dois voluntários do FNB Baliuag, Bulacan (Patrcik Paul Pile e Jessie Villanueva De Guzman) e dois voluntários do FNB Davao City (Chris Jose Eleazar aka Mokiam e Jan Ray Patindol aka Pating) foram mortos pela polícia, assim como um voluntário do FNB Bantayan, Cebu (Marco Giducos aka Cram) foi detido com base nessa Guerra às Drogas/Guerra aos Pobres. Nós condenamos essa violência instigada pelo Estado, a qual incorreu em uma baixa de 25.000 indivíduos, majoritariamente vindos de famílias pobres. Nem mesmo advogados locais que procuram manter a paz estão imunes a se tornarem vítimas sem os devidos processos.
Na noite anterior ao 16 de outubro de 2018, xs voluntárixs já se encontraram. Elxs madrugaram para juntar vegetais e ingredientes a fim de preparar comida para todxs que viessem. Convidamos as bandas locais Anomalya, Total Alarm, Noise Baragsx, Censorshit, Experimento ni Alien, Balatay Core, Unknown System, Power Abuse, WeekEnds, e a banda australiana I Have a Goat and Stoned to Death para virem tocar com a ajuda do BCHC DIY Tour Booking, e em coordenação com Etniko Bandido Infoshop e Food Not Bombs Baliuag. Tudo correu conforme o esperado. Pegamos emprestado e alugamos os equipamentos das bandas, como amplificadores, alto-falantes, bateria, e falamos com o local do evento, o Gourmet Food Park, para que fizesse acontecer esse show. O evento começou por volta das 7 da noite, com projeção de filme, exibição de arte, customização de camisetas, e uma parede da libertação, em que as pessoas podiam se expressar livremente. O esforço de todas as pessoas por trás desse evento foi tremendo e exaustivo. Somos gratxs a todxs aquelxs que tornaram isso possível.
Parem a guerra e a matança.
Parem as atrocidades estatais.
Espalhem o amor e a cultura da partilha.
Tradução > breu
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!