O extrativismo mais uma vez volta a ser notícia, agora em comunidades da Península de Yucatán onde cabe recordar que extrativismo também apresenta uma faceta ecológica como energia renovável, quando, na verdade, se tratam de uma ainda maior exploração da Mãe Terra e de todos os seres que nela habitam ou o seu deslocamento forçado ou morte. Neste contexto, nos enviam o seguinte comunicado e esperamos que siga avivando a chama da insurreição contra o extrativismo.
Nós reproduzimos o texto abaixo:
A todxs os meios de comunicação independentes e subversivos
A todxs xs individualidades e coletividades com afinidade ao anarquismo
A todxs que estejam interessados
Como um grupo de indivíduos afins ao pensamento libertário, pretendemos partilhar a nossa perspectiva sobre a brutalidade da desapropriação, a repressão e perseguição que estamos vivendo hoje nas comunidades Mayas, com as quais estamos criando um laço solidário acompanhando a sua resistência e luta.
Externando-lhes nossas posturas antirreformistas antiautoritárias e anticapitalistas, deixamos claro que não estamos dispostos a ter qualquer acordo ou envolver-se em políticas que vêm de instâncias governamentais, no entanto, respeitamos e ficamos fora de decisões sobre estratégias usadas nas comunidades Mayas em seus processos de autonomia e autodeterminação, em solidariedade específica com as quais temos afinidade.
Dito isto, é importante difundir informações sobre sua descentralização, estendendo-se laços de solidariedade, servindo este texto como uma ponte entre a organização Maya e os indivíduos ou grupos que querem se juntar para aportar força para a luta das comunidades em resistência e suas reivindicações a defesa da vida, da terra e todos os seres vivos ante um sistema que opera sob a lógica prejudicial do capitalismo neoliberal que saqueia qualquer organismo vivo que dá qualquer benefício ou riqueza em nome do “progresso” e “desenvolvimento econômico” do país.
De nossa perspectiva, condenamos a imposição de megaprojetos que têm consequências tais como a poluição das águas subterrâneas, a utilização de transgênicos e pesticidas que corroem o solo tornando-se infértil, além da destruição da biodiversidade em mãos humanas causando extinção, como a perfuração da terra para a obtenção de hidrocarbonetos, a desapropriação, a oferta ou o leilão das terras para exploração por empresas transnacionais e nacionais.
Cheio de raiva por estas ações sangrentas, mas motivados por vermos que existem comunidades que estão se organizando para enfrentar essas atrocidades, pudemos conhecer a Assembleia de Defensores do Povo Maya “Muuch Xíinbal”, uma organização comunitária onde os representantes de diferentes comunidades da região da Península encontram-se de vez em quando para compartilhar seus problemas como comunidade e discutir as possíveis soluções a serem tomadas. Este conjunto surge a partir da publicação em redes de um encontro com os moradores no município de Peto (comunidade Maya) para alertá-los sobre as consequências que as empresas de tecnologia “verde” promoviam na Península de Yucatán.
Após a implementação do plano de transição energética em 2015, a acelerada imposição de projetos nesta área nos últimos anos, juntamente com a concessão de licenças de concessão de terras sem consultar os habitantes das comunidades, causou grande descontentamento que é canalizado através da organização atual gestada no sudeste do México.
Tem sido demonstrado que as empresas devem cumprir com as avaliações de impacto ambiental, mas na maioria dos casos elas apresentam muitas irregularidades ou em algumas outras não há tal avaliação, e a desapropriação, a deterioração e a destruição da natureza são ignoradas em milhares de hectares. Isso mostra a insustentabilidade destes projetos, que como última gota promovem mecanismos de “participação” como é a consulta e avaliação de impacto social, que em sua fachada se pintam de levar em conta as decisões da comunidade, no entanto, na realidade elas são ferramentas burocráticas desenvolvidas para beneficiar os interesses de empresas que por sua vez dividem, pacificam a luta, exploram e exacerbam as diferenças que surgem entre as comunidades e até mesmo em alguns casos, compram alguns indivíduos para promover o discurso de energia “verde” em favor das empresas.
“Estas terras Mayas da península de Yucatán e os recursos naturais que temos hoje estão em sério risco de contaminação e desmatamento, desde a data em que as autoridades federais e estaduais autorizaram megaprojetos de alto impacto sobre o meio ambiente, pois eles aprovaram 6 parques solares, 9 parques eólicos e 1 fazenda para 49.000 porcos em nosso território. empresas de energia eólica e solar que nos invadem com seus projetos são: Eólica del Golfo, Fuerza y Energía Limpia de Yucatán, Consorcio Energía Limpia, BHCE, Energía Renovable de la Península, Vega Solar 1 e 2 , a empresa de energia eólica Elecnor, a empresa Lightenning PV Park e Jinkosolar, a empresa sustentável Photoemeris, a empresa de desenvolvimento PV Yucatan e a empresa Aldesa Energías Renovables”.
Neste contexto de projetos extrativistas, nossa contribuição desde nossa posição libertária é de solidariedade e ação direta respeitando as decisões da luta das comunidades, sem deixar de lado o nosso organizar e operar individualmente, que é imanente em nossa vida, nós estendemos as informações para que desde outros posicionamentos se possam contribuir para esta luta em defesa da vida, da terra e seus elementos, e incitamos a se juntarem a essa luta e dar seguimento mantendo a comunicação direta com as pessoas da Assembleia, mantendo-os alertas para o que pode acontecer. Sem mais dizer, por enquanto, estendemos uma saudação fraterna desde as terras do Mayab.
Deixamos os links onde se pode contactar a organização Múuch Xíinbal para mais informações e esclarecer quaisquer dúvidas, assim como nós compartilhamos o áudio de uma apresentação por um membro da Assembleia de Defensores do Povo Maya, que foi exibido no Encontro de Estudos e Reflexões Anarquistas organizado entre afinidades, este ano.
https://www.facebook.com/MuuchXiinbal/
Fonte: https://noticiasdeabajoml.wordpress.com/2018/11/28/comunicado-frente-a-los-proyectos-de-muerte/
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
Algo faz barulho
Cai sozinho, sem ajuda,
O espantalho.
Bonchô
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!