Um chamado internacionalista à ação conjunta ante a iminente ameaça contra a revolução em Rojava e Curdistão
Não é a questão nunca mais de se acontecerá ou não, mas de quando começarão os ataques contra nossa revolução no Norte da Síria. O presidente fascista turco Recep Tayyip Erdoğan anunciou faz uns dias que lançará o quanto antes uma ofensiva militar contra as áreas de autogoverno no Norte da Síria e Rojava. Na segunda-feira 17 de dezembro, Erdoğan declarou que as preparações do exército turco foram completadas e ameaçou com que a ofensiva é só questão de tempo. Depois da declaração de uma invasão militar em Rojava por parte do presidente da Turquia, a administração autônoma do Norte da Síria fez um chamado à mobilização. Nas cidades, povoados e bairros a resistência já está sendo organizada pela sociedade.
A guerra de ocupação da Turquia contra o Cantão de Afrin em princípios de 2018, mostrou ao mundo inteiro do que é capaz o Estado turco. Enquanto que a guerra destruía a Síria durante os últimos sete anos, Afrin se manteve um oásis de paz. Com a ocupação turca, Afrin foi reduzido a escombros, centenas de milhares de pessoas tiveram que fugir. O povo de Afrin está vivendo todos os dias massacres, violações, sequestros, destruição e outras brutalidades. Afrin, a ilha da tolerância, é hoje um centro de treinamento para Salafistas. O que o Estado turco tratou de destruir desde o princípio em Afrin é o projeto democrático que foi construído e defendido com grandes esforços e duros sacrifícios durante os seis anos da revolução. A revolução no Norte da Síria e Rojava nos demostrou que outro mundo é possível. Um mundo mais além do nacionalismo, do sectarismo religioso e da hegemonia imperialista. É uma revolução das mulheres, na qual as mulheres tomaram as rédeas de suas vidas em suas próprias mãos e estão organizadas autonomamente em todas as áreas da sociedade.
Uma luta decisiva pela sobrevivência
Quando Kobane foi sitiada pelos bandos assassinos do chamado Estado Islâmico, e Afrin foi atacado e ocupado pelo exército turco, centenas de milhares na Europa e em todo o mundo tomamos as ruas para defender precisamente estes valores junto com esta revolução. O Dia Mundial por Kobane, o Dia Mundial por Afrin e a campanha “Mulheres levantemo-nos por Afrin”, são uma expressão de que a revolução de Rojava é nossa revolução comum. Agora a luta crucial pela defesa do projeto da Federação Democrática do Norte da Síria está preparando-se. As sociedades no Norte da Síria e Rojava já anunciaram que defenderão os territórios liberados até o final, com todas as consequências que isso implique. Está agora em nossas mãos divulgar e denunciar os ataques contra Rojava e ser a voz de nossa revolução.
Uma invasão da Turquia com o apoio dos Estados Europeus e potências internacionais
Nossa tarefa agora é organizar-nos e preparar os protestos na Europa. Está claro que a iminente intervenção militar só se fará realidade graças ao apoio que o regime de Erdogan recebe das potências internacionais tais como a Rússia, Irã, os Estados Unidos e os países europeus. Os aviões, bombas e drones que bombardeiam os territórios e populações do Curdistão são da OTAN. Os tanques, veículos e rifles com os quais os soldados turcos invadiram Afrin e travam uma guerra no Norte do Curdistão são alemães. É antes que nada o respaldo incondicional e político desde Berlim e outros países europeus o que alenta Ankara a cometer semelhante violação da lei internacional. Não só isso, é especialmente o apoio direto das políticas internas na Alemanha e outros países europeus, a repressão dos protestos ou a proibição de bandeiras e símbolos do movimento curdo, assim como a criminalização contínua e intensificada das organização, simpatizantes e ativistas do movimento curdo. Não é casualidade que precisamente neste momento muitas autoridades europeias estão começando a investigar e processar internacionalistas por apoiar às YPG/YPJ (Unidades de Defesa do Povo/Unidades de Defesa das Mulheres).
Nesta tarefa o governo do Estado espanhol não é uma exceção. De sobras é conhecida sua estreita simpatia e ampla colaboração econômica, política e militar com o regime da Turquia. A presença militar espanhola na base de Inlcirlik ao sul da Turquia com o pretexto de lutar contra o terrorismo internacional, a reunião oficial do ex-primeiro ministro turco Binali Yıldırım em Madrid no passado 25 de abril por causa da “VI Reunião de Alto Nível Hispano Turca” na qual ambos governos reafirmaram sua cooperação na luta contra o “terrorismo separatista interno”, ou a notícia confirmada de que Espanha será um dos maiores compradores das azeitonas roubadas e saqueadas do ocupado cantão de Afrin, engrossando a Turquia milhões de euros, são só alguns exemplos de como o Estado espanhol lucra com a morte, guerra e massacre dos povos do Oriente Médio e Curdistão.
Já que o Estado espanhol vai ser um agente mais na próxima guerra em Rojava, é importante fazer pressão aqui contra o governo e levar nossos protestos e ações às ruas. Com o espirito de ontem de Kobane e Afrin, devemos hoje também unir nossas forças, organizar-nos e atuar de forma conjunta.
Coordenemos a resistência
É por isso que fazemos um chamado àquelas companheiras e companheiros que se identificam com os valores desta revolução, às que já estão organizadas em grupos de solidariedade com Rojava e o Curdistão, a todas aquelas para quem Rojava se converteu em esperança e inspiração nos últimos anos, e a todas as que não querem ser cúmplices de outro massacre no Oriente Médio com o apoio dos Estados europeus e das potências internacionais: uni-vos em vossos territórios, cidades e bairros e formem Comitês de Resistência Internacionalistas em defesa de Rojava, construindo alianças mais além das diferenças ideológicas. Assim como nos juntamos durante as resistências de Kobane e Afrin em comitês e alianças solidárias, devemos agora também coordenar nossa resistência comum e fazê-la forte e duradoura. É importante enfatizar que uma construção estratégica e a longo prazo destes comitês ou estruturas é decisivo e importante para um futuro não tão longínquo de resistência comum também aqui na Europa. Porque a única força na qual pode confiar a revolução de Rojava é a força dos movimentos populares revolucionários globais, é nossa própria força organizada desde a base que luta pela liberdade e contra o fascismo em todas as partes.
Formem comitês de resistência internacionalistas, participem nas ações e eventos de apoio ao movimento revolucionário do Curdistão em vossas localidades. Unam forças com companheiras e companheiros de vosso território e saiam à rua contra a guerra e o apoio militar ao extermínio da Turquia no Norte da Síria e Rojava.
Juntas defenderemos a revolução!
Contra o fascismo, não passarão!
Viva a revolução de Rojava!
Internacionalistas
Tradução > Sol de Abril
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!