por Kuarup | 25/01/2019
Prestamos solidariedade à todxs xs atingidxs pelo rompimento da barragem de Brumadinho (MG).
Afirmamos que estamos, não somente com os trabalhadores atingidos e seus familiares, mas com todos os humanos e não-humanos, com família ou sem família; atingidos por este crime brutal.
O que aconteceu hoje (25/01) em Brumadinho não é consequência da impunidade de Mariana. É consequência de centenas de anos de elites saqueadoras e assassinas. É consequência de oposições presbiopiticas e condescendentes a esta elite. É consequência do fetiche dos que desejam ter um “estado para chamar de meu”. Consequência de nossos machismos e racismos estruturantes. Da psicopatia social em que estamos mergulhados. Consequência do desmantelamento e aparelhamentos e da repressão das organizações de resistência. Consequência de silenciamentos muitos; como o silenciamento das insurreições de Junho de 2013, Pinheirinhos/São José dos Campos (SP), Rafael Braga, Marielle Franco, os 23, Vitor Kaigang, Museu Nacional e de outras centenas de milhares de silenciamentos que deitamos sobre o colo do estado tutor e/ou às providências divinas. A lista é imensa e não temos a inocência, e/ou a má-fé, de reduzir este brutal crime de Brumadinho à impunidade de Mariana.
Denunciamos este governo nefasto, abjeto e assassino; mas apontamos que este governo representado pela figura de seu presidente é sintoma de algo muito maior. Assim como denunciamos todos os anteriores governos, que podem, sem nenhuma dificuldade, ser apontados de biocidas, etnocidas, genocidas; atentando frequentemente e permanentemente e violentamente contra territorialidades, contra lutas por liberdade, indígenas, quilombolas, camponeses, periferias, pessoas em situação de rua, contra milhões que vivem em extrema pobreza, contra todos os marginalizados; abandonados à própria sorte.
Denunciamos todo e qualquer atuação progressista, liberalista, aceleracionista, reformista, negacionista; seja ela da direita ou da esquerda que abrace estes fundamentos. Não será este estado governado por psicopatas sociais, nem os anteriores e nem nenhum estado que poderá encerrar estes crimes. Estes crimes somente serão encerrados com o fim do capital e com o fim desta democracia cínica e perversa.
Não pedimos só a extinção da Vale. Pedimos a extinção da barbárie contra a natureza e contra nossos corpos. Tanto faz se a empresa que destrói é privatizada, multinacional ou estatal. O que deve estar no centro da luta não é qual o melhor modo de se produzir, e sim, qual o modo de estar que não destruirá vidas.
Não pedimos que a sociedade abra os olhos, porquê não achamos que a sociedade está de olhos fechados. Não temos essa arrogância infantil em nossas mochilas.
Não importam as toneladas de provas contra a Vale, provas não faltam, nunca faltaram, não faltarão; porquê estes que aí estão – neste governo (assim como os anteriores) e no capital – reivindicarão averiguações e investigações vazias, e acima de tudo, reivindicarão tua paciência e tua obediência e teu respeito pela ponta de um fuzil. Vermelhos e Verdes.
Brumadinho é um grande colapso. Mas, todos os dias, os dias inteiros, colapsos acontecem ininterruptamente, múltiplos, pequenos ou grandes; e vão se multiplicar, vão seguir. E queremos estar aonde? Fazendo o quê?, Em tempos medíocres como estes que estamos vivendo, para o extraordinário acontecer, é preciso criá-lo!
O vocativo “Atenção, crime ambiental” não abarca a brutalidade invisível por trás dele. Por isto, pichamos por cima e em seu lugar outro: “Atenção, Deserto”.
Contra o estado e contra o capital, pois são práticas de morte e destruição.
Descolonizemos pensamentos.
Reafirmamos que estamos, não somente com os trabalhadores atingidos e seus familiares, mas, com todos os humanos, não-humanos, com família ou sem família; atingidos por este crime brutal.
Abraçados, unidos, solares; lutemos!
Liberdade!
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Porque não sabemos o nome
Tenho de exclamar apenas:
“Quantas flores amarelas!”
Paulo Franchetti
Nota muito boa. Parabéns aos responsáveis.