O Grupo Ativista do Teatro do Oprimido (AcTO), sediado em Atenas, é um coletivo que surgiu de um Workshop de Teatro do Oprimido (TO), em 2010. O grupo é autogerido, anti-hierárquico e horizontal, enquanto que as decisões são tomadas por consenso através de assembleia. Nossas performances e ações não são financiadas por órgão público ou privado, ONGs ou qualquer outra organização institucional. Escolhemos o método TO, pela razão de que é um meio efetivo de intervenção social e política no contexto de um movimento polimórfico, uma vez que traz à tona nossas opressões partilhadas dentro do sistema existente, abre um debate público e propõe soluções coletivas da base (i.e. do oprimido) por meio do teatro.
TO foi criado no Brasil, na década de 1960, pelo diretor e teórico do teatro, Augusto Boal. As raízes desse método teatral são encontradas nas ideias do educador brasileiro, Paulo Freire, e em sua obra ‘Pedagogia do Oprimido’. O TO abre um diálogo com a audiência, ao escolher um espectador ativo ao invés de um passivo. Esse teatro é retratado como uma árvore, cujo tronco é Teatro-Imagem e Teatro-Fórum e seus galhos são compostos por Teatro-Invisível, Teatro-Jornal, Teatro-Legislativo e Arco-Íris do Desejo.
Nosso time está mais envolvido com o Teatro-Fórum (incorporando, no entanto, vários elementos de outras técnicas do TO), que é uma técnica teatral que envolve o diálogo como parte integral de seu processo. Contudo, não é um diálogo que faz distinção de papéis entre atores e espectadores que falam da zona de conforto de suas cadeiras, mas é um diálogo que se desdobra no palco. O Teatro-Fórum é uma peça, em sua primeira parte a cena de opressão é apresentada (cena-modelo), enquanto que na segunda parte, espectadores são chamados a substituir a personagem oprimida (protagonista), suas ideias e estratégias para superar a opressão são testadas no palco e, então, tornar-se-ão ‘espect-atores’. TO oferece a todos os meios para analisar seu passado, tomar consciência de seu papel social no presente e visualizar o futuro como uma realidade resultante de suas próprias ações.
As performances tiveram como ponto de partida as histórias reais de opressão vivenciadas pelos membros do grupo. Elas contêm experiências compartilhadas, social e politicamente, e a cada cena a meta é trazer a experiência pessoal dentro da opressão experienciada coletivamente. Discriminação racial, surgimento do fascismo, violência de gênero, violação de direitos trabalhistas e tráfico humano são alguns dos temas que abordamos nas nossas performances do Teatro-Fórum. O palco não é um lugar em que proferimos a verdade suprema, mas é um lugar onde trazemos nossas questões pessoais e as conectamos com as dos espectadores, num constante esforço de compartilhar o problema e encontrar soluções. Cada encenação conta com a intervenção do espectador ativo como parte integrante, e é um “ensaio para a vida”, um exercício para nossos reflexos contra a opressão, e visa ao empoderamento e à libertação dos oprimidos. Ao mesmo tempo, o objeto do grupo é espalhar o TO, por meio da multiplicação do número das pessoas que o usam como ferramenta de intervenção social, abordagem em que realmente acreditamos.
Com base no exposto, nossas performances não foram somente encenadas em teatros, mas também em centros sociais, ocupações, praças, sindicatos, escolas, municípios e festivais. Nós selecionamos os locais das performances, baseando-nos no critério da possibilidade de encontrar pessoas com as quais compartilhamos opressões comuns, sempre levando em conta as particularidades do local e pessoas que nos convidaram a encenar.
>> Mais infos: theatreoftheoppressedgreece.wordpress.com
Tradução > P.O.A.E.F.
agência de notícias anarquistas-ana
olhos dos meninos
as luzes do pisca-pisca
se multiplicaram
José Marins
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!