por Lupe Cajías | 17/03/2019
Este 11 de março completou o primeiro aniversário da morte de Líber Forti em Cochabamba, Bolívia, sua pátria escolhida; além disso, 20 de agosto será o centenário de seu nascimento em Tucumán, Argentina. As datas servem muitas vezes para mexer com a memória e para fazer da recordação um espaço de homenagem.
Ao consultor cultural da outrora notável Central Obreira Boliviana e sua coluna vertebral, a Federação Sindical de Trabalhadores Mineiros da Bolívia, não agradavam a aulação pessoal e nem figurar acima da coletividade proletária. No entanto, já faz 20 anos que me atrevi a desafiá-lo com uma nota, Querido Líber, libertário, que apontava que há pessoas que já não são donas de sua própria biografia. Tudo o que ele fez pelo teatro mundial, pelos sindicatos, pela difusão das ideias ácratas o colocam acima de sua timidez. Assim o compreendeu quando não só aceitou, como se alegrou e me pediu muitos exemplares quando publiquei a pesquisa sobre seu elenco emblemático: “Por los caminos de Nuevos Horizontes”.
Agora ficamos de acordo entre seus mais jovens amigos, marioneteiros, artistas e sindicalistas de Jujuy, de Salta e de Tucumán para recordá-lo como era, com suas mais belas frases, com aqueles conselhos que excediam a política para acompanhar a vida cotidiana. Só os que o conheceram em suas prolongadas palestras, as vezes monólogos, podem entender em sua justa dimensão este prazer. Forti não servia para amarrar sapatos de ninguém, nem para adular os burocratas e muito menos para aplaudir os governantes.
Em uma pequena sala, às margens de Salta, ‘La Ventolera’, se reuniram os amigos de suas revistas sobre teatro e os jovens anarquistas que restaram. Algumas pessoas de mais idade conheciam também a família e as épocas mais intensas das lutas obreiras no noroeste argentino. José, um jovem ligado ao sindicato dos garçons ajudou em toda a organização. Também em Jujuy houve uma pequena reunião na livraria do povoado, um espaço para trocar histórias sobre a influência anarcossindicalista ao longo do Século XX, tanto no norte argentino como em Tupiza, nas minas bolivianas e em La Paz e Oruro.
Surgiram diferentes nomes de dirigentes dos padeiros, dos jornaleiros, dos gráficos, dos obreiros, das federações. Em Tucumán foi uma linda ocasião para o reencontro de antigos militantes da esquerda argentina, sobretudo aqueles relacionados com os movimentos estudantis dos anos 60 e 70, os ferroviários e os donos de pequenos engenhos açucareiros, cortadores de canas, os guerrilheiros.
Sob a hospitalidade do grupo teatral “La Sodería” se compartilhou vinho e empanadas, sob o céu tucumano, fornecendo dados sobre a centenária relação dos artistas do norte argentino com a Bolívia. Não só músicos mas marioneteiros, como Edgar Darío Gonzáles e seu Atoj Antonio, artistas, poetas. A estrada de ferro foi o grande vínculo para que circulassem os perseguidos políticos e também os escritores e dramaturgos.
Não por casualidade, o próprio Forti considerou como seus herdeiros naturais o elenco do Teatro dos Andes inicialmente sob a direção de César Brie, outro argentino. Estará feliz de olhar desde os céus que ainda haja trincheiras de ternura e fraternidade como ele sempre sonhou.
Fonte: https://elpais.bo/homenajes-a-liber-forti
Tradução > Sol de Abril
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!