Que ou quem é uma mulher ou um homem livre? Difícil resposta, certo?
Convencido de que o Noi del Sucre foi um deles, este volume é dedicado a sua agitada e curta vida.
Como tantos outros camponeses, a família Seguí, procedente de Tornabous, no Urgell, abandonaram a terra para ir à cidade. Salvador tinha apenas quatro anos. Pela primeira vez viu o mar, que lhe causou uma profunda sensação de infinito e de liberdade…, e escutou os gritos, um tanto inquietantes, dessas enormes aves que sua mãe chamava gaivotas. O pequeno Salvador observou boquiaberto uma montanha que parecia querer adentrar-se na água. Seu pai a chamava Montjuïc. Recortava o céu, não de nuvens, mas de fumaça que vomitavam as próximas e gigantescas chaminés. Era a Barcelona de 1892, três anos após a Exposição Universal de 1888, sonho de oportunidades de milhares de recém chegados…
O segundo impacto foi cruzar o frenético Paralelo em direção ao distrito V, onde foram viver. O jovem não viu ainda a precariedade, nem a sujeira, nem muito menos o que significava ser um obreiro ou um patrão… Faltavam uns poucos anos para descobri-lo.
Também ousou entrar em sua intimidade, próximo de sua Teresita e seu filho Hel-leni. E, em consequência, na descrição e na evolução de seu pensamento, de sua luta constante, incansável, generosa e sempre ao lado dos trabalhadores nesses dias de violência, traições, mas também da criação de um autêntico sindicalismo independente de partidos, no qual sua tarefa foi decisiva.
Sim, o Noi soube evoluir. Do temperamento juvenil à maturidade serena, pacífica, autenticamente revolucionária, em contraste e enfrentando todo tipo de pistoleirismo e atentados…
Mas não há nada melhor que suas próprias palavras para fechar estes comentários. Ele mesmo dá resposta ao que significa SER LIVRES:
“O anarquismo é o grau mais alto do pensamento humano. Sem ele, o sindicalismo não seria nada! Mas o sindicato é a base, a orientação econômica da anarquia, própria da inteligência e do sentimento. O movimento libertário é individualidade; o sindicato é o cérebro”.
“Companheiros! Necessitam mortos! Querem vingança! Porque nossa crescente força lhes assusta! A melhora dos trabalhadores, a emancipação proletária, não se conseguirá nem com palavras que o vento leva nem com pistolas!”
Mas o mais surpreendente são suas palavras cinco dias antes de seu assassinato. Parecem certamente dirigidas a nós, mulheres e homens progressistas do século XXI:
“…Pois surgirão novas gerações com novos ideais ainda maiores que o nosso, já que o caminho do progresso é infinito e nunca se chega à meta absoluta!”.
El Noi | Vida y muerte de un hombre libre.
Juste de Nin.
Trilita Ediciones, Barcelona 2019
108 págs. Cartoné 32×24,5 cm
ISBN 9788416249329
24.80€
Tradução > Sol de Abril
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