O II Encontro Anarquista do Livro decorrerá entre os dias 25 e 28 de Abril de 2019, no CSA A Gralha, no Porto.
Num contexto marcado pela crescente capitalização da cidade, de manutenção de oligarquias econômicas, intelectuais e artísticas, de desigualdades estruturais e de institucionalização das lutas sociais, o EAL 2019 será um espaço para o pensamento crítico e a (auto-)reflexão, a difusão de ideias e práticas anti-autoritárias, o intercâmbio auto-gestionado de saberes e fazeres, a visibilização de projetos colaborativos e autônomos que se recusam a fazer parte do circuito capitalista da produção livreira e editorial, assim como para a preservação da memória histórica e o reforço de redes de afinidade.
Nesta segunda edição, abordaremos as diferentes modalidades das estruturas de aprisionamento do Estado e do capital que continuam a apropriar-se, excluir e matar (simbólica e/ou materialmente) determinados corpos: os das mulheres encarceradas pelo complexo industrial prisional, os das pessoas refugiadas encurraladas às portas da Europa Fortaleza, os dos animais não-humanos explorados nas indústrias agro-pecuárias. Procuraremos conhecer melhor o movimento dos Coletes Amarelos, que surgiu no final de 2018, através das lentes dxs companheirxs da Federação Anarquista francófona. Falaremos também das fragilidades das “soberanias democráticas” e da voracidade imperialista/neo-extrativista das chamadas potências econômicas no sul global, focando especificamente no impacto das fake news no aprofundamento da crise na Venezuela. Teremos um momento de encontro e de escuta ativa sobre cuidados de saúde para companheirxs em lutas anti-autoritárias, no sentido de estimular o auto-conhecimento, a autonomia dos corpos, o respeito e a solidariedade. As nossas propostas para o EAL 2019 incluem ainda a apresentação de livros que nos fazem revisitar a memória histórica, uma oficina de encadernação DYI/FTM e concertos. Contará com a participação de mais de vinte bancas de livrarias, editoras e distribuidoras.
Mais uma vez, esperamos reunir, partilhar e fomentar processos de resistência e combatividade social, comunitária, política e econômica. E razões não nos faltam: o capitalismo neoliberal que continua a minar-nos as possibilidades de auto-determinação, a extensão dos projetos neocoloniais, a branquitude inquestionada que se materializa em diferentes formas de opressão (racismo, islamofobia, ciganofobia e xenofobia), a renovação do fascismo e a extensão da extrema direita, a manutenção das estruturas cisheteropatriarcais, a repressão policial, a supressão/precarização/mercantilização das vidas humanas e animais, entre outras.
Não nos faltam razões, nem a nossa necessidade e vontade de resistir se esgotam. Continuamos a resistir aqui e a solidarizar-nos com os movimentos urbanos contra a gentrificação e pelo direito à habitação e à cidade; as lutas contra a exploração de gás, o fracking e a poluição do Tejo; os projetos de anti-consumo e de soberania alimentar; o repovoamento de zonas rurais; a criação de eco-aldeias e as lutas populares contra o eucalipto; a produção de mídias alternativas; a multiplicação de Zonas A Defender (ZAD) e de espaços autônomos e auto-geridos. Não esquecemos também os movimentos indígenas; a experiência de Rojava; a resistência palestina contra a ocupação israelita; as lutas contra Bolsonaro; as lutas anti-racistas; a resistência camponesa contra o agro-negócio; o movimento anti-fascista; as resistências queer e transfeministas; o crescente movimento anti-especista; o combate ao primado da tecnologia e da ideia de progresso, entre muitas outras.
Não há transformação social sem auto-gestão, apoio mútuo, autonomia e radicalidade. Ousemos refletir, ousemos lutar!
>> Programa completo aqui:
https://encontroanarquistadolivro.noblogs.org/post/2019/03/25/223/
agência de notícias anarquistas-ana
tarde cinza
borboleta amarela
toda luz do dia
Alexandre Brito
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!