O pensamento anarquista nasce como teoria política e filosófica justamente na Europa, durante o ápice das lutas sociais do século XIX, quando a classe trabalhadora já sofria consequências de um capitalismo em expansão. A civilização moderna industrializada, através de seus dispositivos de controle, buscava impor no mundo todo um sistema econômico, político e social que ameaçava (e ainda o faz) submeter ao seu ritmo, todas as formas de vida, trabalhos e territórios. Nesse contexto, a organização política do movimento operário, camponês e dos oprimidos em geral, era (e ainda é) indispensável para mudar o rumo das coisas, lutar contra um sistema desumano, fazer a revolução e – Por que não? – viver a anarquia. Desde essa época, a ideia anarquista – e ainda dentro dos vai-e-vens caóticos da história – se desenvolveu com força por todos os cantos do mundo. Jornais, rádios, comícios e atividades variadas foram pouco a pouco expandindo-a, sendo a propaganda um espaço significativo neste sentido.
Entendemos como propaganda, neste sentido, o impulso de caráter social que leva o emissor – anárquico neste caso, – a se expressar especificamente para comunicar uma ideia. O desejo de transmitir um conceito, conhecimento particular ou forma de entender o mundo, seja qual for, é inerente à vida em comunidade. Seja um discurso, pichações e até um filme, os meios de comunicação são armas poderosas para apresentar a realidade, e o anarquismo desenvolveu desde cedo seus próprios mecanismos para difundir seus ideais e propósitos, sendo o cartaz, uma forma fundamental para a socialização da “ideia”.
O cartaz como ferramenta de comunicação visual é uma das formas mais efetivas de difundir uma ideia ou uma mensagem. A assimilação quase imediata entre texto e imagem, naturalmente dá espaço para a interpretação do receptor que tem dúvidas. Nesse contexto, no campo de ação onde o cartaz é mostrado, a representação clara e eficaz do discurso, a síntese de formas ou a ênfase icônica podem servir para chamar a atenção do leitor e provocar um entendimento ou uma reflexão complementar. Em resumo, o pôster busca visibilidade, legibilidade e captar o leitor. A cor, a tipografia, a ilustração ou a fotografia, são os elementos básicos, ferramentas comunicativas para prender a atenção, passar informação e mobilizar seu receptor. A propaganda anarquista, geralmente se apresenta de duas formas: como denúncia ou proposta. A denúncia aponta seus discursos aos mecanismos e práticas que atentam contra a realização plena da liberdade individual e coletiva. O estado e suas leis coercitivas, as cadeias, a repressão policial, as guerras e os exércitos, o controle social, o fascismo, o capitalismo e as religiões, são, entre outros aspectos, problemas cotidianos que impedem a emancipação social. Por outro lado, a solidariedade, o apoio mútuo, a coletivização, a autogestão, a autodeterminação e a organização horizontal, são de alguma forma, os princípios e práticas com as quais construímos, dia a dia, esse novo amanhã.
Este livro aborda as diversas formas de representação do ideal anarquista na Europa, mostrando pôsteres que enfocam em problemas próprios desse continente como a migração, as cadeias para imigrantes, as crises recentes do capitalismo, a militarização e o controle social; assim como também se pode apreciar cartazes que nos falam das atividades políticas, organizacionais, manifestações culturais, feiras do livro e diversos aspectos que dão forma à prática libertária. O critério utilizado para a seleção de materiais visuais expostos priorizava o aspecto político, tentando abarcar o amplo espectro do pensamento anarquista. O critério “estético” também foi considerado no momento de escolher o material compartilhado, entendendo que alguns pôsteres cumpriram melhor que outros com os aspectos formais básicos de um cartaz, mencionados anteriormente.
O material recopilado representa uma porcentagem mínima da propaganda impressa pelos anarquistas na Europa, no entanto, serve para dar uma olhada às lutas atuais ou recentes que ocorreram nesse território. Neste sentido, é interessante observar como alguns cartazes abordam temas específicos, ou como vários cartazes similares podem gerar “sistemas” de comunicação ou campanhas para difundir ações, temas ou eventos. Inclusive, pode servir para se perguntar: “Como é que a maioria destes cartazes são coloridos?”. Esta amostra forma uma parte de um arquivo visual concreto recompilado por algumas pessoas e companheiras que viajaram a Europa em algum momento de suas vidas.
Este arquivo digitalizado, assim como o livro, pretende ser um catálogo aberto em constante reconstrução, podendo dessa forma ampliar-se como documento de registro histórico da comunicação visual e da propaganda antiautoritária, tanto na Europa como em outros lugares do mundo. Se lhe interessa colaborar com o arquivo de documentação visual, pode fazê-lo desenhando um cartaz, pegando propaganda na rua ou enviando material. A finalidade única deste trabalho é contribuir e fortalecer a difusão e o desenvolvimento da comunicação antiautoritária.
Imagen Ácrata.
Afiche de protesta antiautoritaria. Vol. I: Europa.
Mar y Tierra Ediciones, 82 págs. 20 x 27,7 cms.
Tradução > Daitoshi
agência de notícias anarquistas-ana
A lua minguante
procura com quem falar
na boca da noite
Ronaldo Bomfim
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!
Um puta exemplo! E que se foda o Estado espanhol e do mundo todo!
artes mais que necessári(A)!
Eu queria levar minha banquinha de materiais, esse semestre tudo que tenho é com a temática Edson Passeti - tenho…