por Helena López | 03/04/2019
Dirigiu durante décadas um pequeno posto de bijuteria e roupa íntima no mercado de Sant Antoni, que durante o franquismo serviu de ponto de encontro clandestino entre anarquistas, desde o que nunca abandonou seu ideal libertário. Não é casualidade, pois, que o enclave da cidade escolhido para recordá-la seja o cruzamento entre as ruas de Borrell e Tamarit, em um dos extremos da recém reformada loja. Assim o aprovou o último conselho plenário do distrito do Eixample, com os votos a favor de todos os grupos exceto Ciudadanos e o PP.
Conxa Pérez Collado nasceu em Les Corts em 1915 e morreu na Barceloneta em 2014, aos 98 anos, após uma vida marcada pelo antifascismo militante. Filha de anarquista, Concha recebeu a notícia do início da guerra no bar Los Federales, em seu bairro. “O primeiro que nos ocorreu foi assaltar o quartel de Pedralbes, para buscar armas. A entrada foi fácil, não resistiram, mas estávamos tão empolgados que pegamos os fuzis e nos esquecemos das balas”, explicava em uma entrevista em 2010, feita por causa da homenagem que lhe organizou o Ateneu Enciclopèdic Popular, do qual era sócia. A preciosa fotografia que ilustra esta peça foi tomada nesse mesmo dia.
O esquecimento da munição era uma de suas anedotas frequentes, que compartilhava em numerosos espaços como membro do coletivo “Dones del 36” [Mulheres de 36], ao qual se uniu no final dos anos 90 graças a teimosia da ativista Llum Ventura, mãe da iniciativa, de quem já não se separou até a sua morte. Juntas, junto a mulheres como Trinidad Gallego e Josefina Piquet, conhecida como ‘la Nena del 36’, fizeram um trabalho vital para conservar e reivindicar o papel destas mulheres na história.
Testemunha da cárcere de mulheres
Em 1932 se filiou a FAI [Federação Anarquista Ibérica] e em 1933 foi detida por levar uma pistola escondida no peito, arma que escondia para ajudar a um companheiro (o proprietário da mesma). Por este episódio foi encarcerada na esquecida prisão de mulheres de Reina Amàlia, no Raval, cuja memória foi recentemente recuperada pelo coletivo SomAtents.
Militante da CNT e da CGT na etapa moderna, lutou em Belchite. Em dezembro de 1938 abandonou Barcelona e foi transladada ao campo de refugiados de Argelès. Regressou em 1942 e depois de passar um tempo como empregada doméstica, abriu o posto no mercado de Sant Antoni no qual passou grande parte de sua vida.
Seus últimos anos os viveu em uma residência na Barceloneta, perto de sua inseparável Llum, onde até o último dia, já em cadeira de rodas, fez parte da luta de moradores de seu bairro de acolhida.
Tradução > Sol de Abril
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!