[Espanha] Pastora Dominga González, mãe do ex-preso anarquista Xosé Tarrío, faleceu na noite do dia 24 devido a um infarto

Lutadora incansável contra as prisões, mãe coragem, mulher solidária de grande caráter e grande coração, a morte de Pastora deixa um vazio enorme na luta anti-carcerária e no movimento anarquista.

Impulsora da Associação ‘Nais contra a impunidade’ (Mães contra a impunidade) continuou a luta após a morte de seu filho, denunciando o sistema prisional, a impunidade dos carcereiros e forças de segurança.

Seu filho Xosé Tarrío nos aproximou da dura realidade do regime FIES (Ficheros de Internos de Especial Seguimiento¹) através de seu livro “Huye hombre, huye. Diario de un preso FIES²”. Um livro que marcou toda uma geração ao relatar detalhadamente as vexações, torturas, maus tratos e as duras condições de vida dos presos FIES, assim como as fugas e motins que protagonizou.

Tarrío foi preso por crimes comuns, mas na cadeia foi adquirindo consciência política anarquista, ex viciado em heroína e diagnosticado com AIDS, passou 17 anos na prisão, durante os quais passou por muitos dos centros de extermínio do Estado espanhol.

Foi libertado em 2004 devido ao seu estado de saúde deteriorado, mas passou seus últimos meses de vida no hospital, em outubro desse ano entrou em coma e faleceu em janeiro de 2005 por causa de uma paralisia cerebral. Após sua morte, manifestações foram realizadas em todo o Estado espanhol.

Sua mãe, Pastora, ao ler o livro e ter consciência da situação de seu filho estava vivendo, retornou da Suíça para a Galícia, donde havia emigrado, para apoiar seu filho e se envolver na luta contra as prisões, tornando-se uma referência na denúncia das torturas, maus tratos e a própria existência das prisões.

>> Notas:

[1] O regime FIES (Arquivo de Internos de Monitoramento Especial) é uma série de medidas utilizadas pela Administração Penitenciária Espanhola, consistindo em maior controle e vigilância, dependendo do tipo de crime cometido, sua trajetória penitenciária ou sua integração em organizações criminosas, a fim de exercer um controle que se adapte às complexas fórmulas criminais existentes com potencialidade para desestabilizar a ordem da prisão (desordem autoritária penitenciária).

[2] Disponível para baixar em pdf: https://www.rebelion.org/docs/127675.pdf

Tradução > keka

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Zemaria Pinto