“Uma férrea vontade por querer mudar tudo”. “O fervor revolucionário para transformar a sociedade”. “A solidariedade e apoio mútuo nos torna invencíveis”. Muitas vezes todas essas palavras são escritas ou lidas, mas raramente têm um significado real. Ontem foi um desses momentos.
O ato [em Buenos Aires] começou um pouco mais tarde do que o habitual, devido aos atrasos que tivemos muitas vezes para chegar à Praça Once. Mas chegamos. Os companheiros e companheiras redobram a aposta e não deixamos que nos roubem o dia 1º de Maio.
Uma reivindicação justa, mas operada pela burocracia sindical da UTA, não pôde impedir nossa tentativa de lembrar os mártires de Chicago e reivindicar os “mártires” de hoje. Vimos os rostos um do outro novamente para nos abraçarmos e levantarmos os punhos juntos. Nós não nos reunimos para gritar slogans vazios ou irreais, nem para tentar unificar reivindicações com setores autoritários. Nós nos reunimos para gritar pela necessidade imperativa que temos como trabalhadores para acabar com este sistema de exploração e opressão. Refletimos sobre os problemas concretos e cotidianos de nossa classe, como sermos iguais, sobre os assassinatos de trabalhadores, as extensas jornadas de trabalho; e pelas armadilhas da democracia e de todos os seus partidos, na esperança de nos governar e espremer. Refletimos sobre o papel do Estado em todas as suas facetas como jogador e fiador do capitalismo. Denunciamos a estrutura patriarcal que mantém injustiças tão antigas que muitas vezes não as vemos, e as expomos em voz alta contra os preconceitos machistas que também temos. Mas como um companheiro disse bem: “a luta de classes deve ter consciência de gênero, e a luta de gênero deve ter consciência de classe”. Hoje em dia não pode haver um sem o outro e é nossa tarefa promover esse ideal.
Neste dia, percebemos que há muito mais coisas que nos unem do que aquelas que nos separam e que nosso inimigo está diante de nós. Mas também enfatizamos a pequena organização horizontal e federalista no local de trabalho. Encorajamos a participação e a militância revolucionária no mundo do sindicato, não reproduzindo uma lógica quantitativa banal, mas porque realmente precisamos ser muito mais para enfrentar o Estado e o capitalismo. Precisamos ser muito mais para inclinar a balança para o lado da classe trabalhadora. Precisamos ser muito mais organizados com base em nossos princípios anarquistas de igualdade, solidariedade e ação direta.
Nós refletimos e gritamos. Nós nos fundimos em nossos maiores desejos e sonhos. Alguns, viciados pelo clientelismo, populismo e verticalismo, vão subestimar os quase 200 camaradas que fizeram este dia intenso. No entanto, para nós, a participação de todas essas pessoas é inestimável, e que muitas vezes não nos vemos no dia-a-dia, já demonstra o amor pela liberdade e a paixão por querer mudar o mundo. Ativistas e militantes de várias gerações, com diferentes linguagens, diferentes processos e experiências muito diversas, nos unimos neste dia de resistência e luta.
Foi um dia para nutrir a paixão e aumentar a convicção. Foi um dia para lembrar que não estamos sozinhos. Foi um dia para dar mais um passo na batalha pela emancipação social.
Cada 1º de Maio nos torna mais invencíveis e devemos continuar neste caminho. Custa muito nos colocar de acordo, mas vamos juntos, acompanhando-nos e crescendo.
A paciência é tão fundamental quanto o ímpeto.
Tantos companheiros e companheiras não lutaram em vão. Continuamos lembrando e hoje é a nossa vez de manter a chama acesa para que o fogo não se apague.
Pelo comunismo anárquico
Viva a F.O.R.A.
Saúde e emancipação
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Tradução > Liberto
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Zemaria Pinto
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!