Aos companheiros e companheiras
Sabemos que durante esses últimos meses, enquanto o Ateneu permaneceu fechado, nós não fomos muito comunicativos. Nossa mensagem de novembro quando anunciamos a situação foi breve e reconhecemos que um pouco crítica.
Um ataque a um espaço abertamente declarado anarquista não é surpresa e se há algo que sabemos que não estamos interessados é no jogo da política, as redes e assim por diante, com o que não entendemos necessário explicar o que era óbvio. Embora vontade de responder ao progressismo e sua poesia de bons e maus anarquistas não faltaram.
Mas muitas vezes ficamos aquém quando se trata de ter uma voz própria, e isso pode ser lido de muitas maneiras, mas a realidade é que talvez às vezes não encontramos as palavras ou não temos a clareza o suficiente para “comunicar”, em outros momentos decidimos não fazê-lo. Mas também escolhemos buscar clareza em outros/as companheiros/as e ecoar suas palavras. Sim, nós discutimos muito, temos acordos e valores que são fruto de debates que nos dão segurança em algumas decisões que tomamos e o que vamos tomar.
Este projeto, que é a existência de um Ateneu Anarquista no bairro de Constituição, começou como uma necessidade organizacional em torno de um espaço físico. Depois de responder à solicitação da FLA e da recuperação da Casa dos Libertários pela maior parte do movimento anarquista, precisava-se de uma estrutura que levasse em conta as diferentes correntes e que se organiza com base no cuidado das ferramentas que, entendíamos, fazem parte do movimento como um todo.
Nestes anos a casa tornou-se um lugar onde se movem camaradas e atividades são realizadas, debates são organizados, lutas são organizadas, material de difusão é gerado, etc. Nada mais e, esperamos, nada menos do que se faz em qualquer outro espaço anarquista.
Isso não terminou no dia do arrombamento. Sim, é verdade que o Estado entrou na casa, revistou, tomou e fechou o lugar, mas esta última foi uma medida transitória. Após meses e atrasos do fechamento, foi esse dia que os proprietários legais tomaram posse. Por sua vez, com base em um pedido de anos atrás, eles estavam protegidos por um título de propriedade e com um acordo fechado com a brigada antiterrorista, que nos negou acesso.
Mais tarde fomos capazes de dialogar com esse grupo e entender a diferença fundamental na maneira como pensamos a anarquia. Nem o espaço nem a história ou livros pertencem ao movimento. Pertencem a eles.
Há pontes que claramente não atravessamos, existem práticas que se afastam tanto das nossas que tornam impossível qualquer diálogo razoável. As opções que nos restam, então, não são muito melhores e entendemos que neste momento este grupo, que escreve esta declaração, não lhes corresponde tomá-las.
Nos meses que antecederam o ataque fomos, pouco a pouco, encontrando uma voz, uma forma e um conjunto de valores a serem reforçados para aprofundar a luta pela anarquia. Depois de dois anos com companheiros presos em momentos diferentes, após o assassinato de um camarada como Santiago e do aparato midiático do progressivismo de um lado e do governo do outro, colocando o anarquismo em foco como uma ideia a combater, entendemos a necessidade de seguir presentes e redobrar os esforços. Percebemos que o Ateneu nunca foi, apenas, os papéis, o arquivo, os livros ou as paredes, sempre foram os companheiros e o desejo de mudar tudo.
É por isso que, nos próximos dias, abrimos um novo espaço no Bairro de Constituição. Esperamos que seja uma ferramenta para lutar, onde se encontrar, debater e organizar.
Sabemos que os tempos que chegam serão, incluso, até mais difíceis. Estamos naquele momento onde a roda da história aperta mais do que antes e, portanto, as ideias anarquistas se tornam mais perigosas. O que quer que aconteça com essas ideias aqui a partir de agora, e como essas ideias podem ser suficientes para mudar isso tudo está nas mãos de todas aquelas pessoas que entendem a solidariedade como condição indispensável para a vida em liberdade. Deixando de lado as misérias e o egoísmo que tão efetivamente conseguiram introduzir em nossas mentes.
Pela liberdade absoluta.
Pela Anarquia.
Ateneu Anarquista de Constituição
> Abertura das novas instalações <
Sábado, 18 de maio, a partir das 16 horas.
Brasil 1790, quase esquina com Entre Ríos. Constituição. Buenos Aires.
Tradução > Liberto
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Neblina? ou vidraça
que o quente alento da gente,
que olha a rua, embaça?
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Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!
Um puta exemplo! E que se foda o Estado espanhol e do mundo todo!
artes mais que necessári(A)!
Eu queria levar minha banquinha de materiais, esse semestre tudo que tenho é com a temática Edson Passeti - tenho…