A biografia que esclarece definitivamente algumas coisas que Nietzsche não foi: não foi antissemita, não foi nacionalista, não foi niilista. Isso sim, foi pura dinamite.
A imagem, formidável e já convencional: uma ampla testa limpa, um grande bigode que cai sobre a boca, uns olhos engastados com olhar míope, entre alucinado e turvo. No entanto, apesar da potência expressiva do ícone, se intui uma máscara que escamoteia um caráter fugidio e atormentado. Se a imagem pode resultar enganosa, a vida e a obra de Nietzsche deram motivo a tantas e tão díspares interpretações que custa fazer uma ideia cabal de quem foi e que pensava este homem enigmático.
Sue Prideaux aborda a biografia com escrupulosa delicadeza, pondo as coisas em seu lugar, em seu tempo. Percorre assim a infância quase idílica de Nietzsche, seus estudos e sua precoce entrada na vida acadêmica, seus amores e crises pessoais, sua precária saúde – e sua suposta sífilis –, sua existência errante, seu isolamento e sua devastadora queda final à loucura. E esse decorrer biográfico está povoado de uma impagável galeria de personagens – do historiador Jacob Burckhardt aos megalomaníacos Cosima e Richard Wagner, passando por Lou Andreas Salomé – retratados com implacável precisão, além de sua peculiar família. A misteriosa morte de seu pai, pastor luterano, quando ele tinha cinco anos o influenciaria por toda vida; Elisabeth, sua irmã pequena, lhe marcaria não só na vida mas mais além, censurando e manipulando sua obra, mas conservando-a quase íntegra.
Evitando o traço grosso, desmontando mitos, rastreando a prolífica correspondência do filósofo, Prideaux revela um homem complexo, alguém cujo gênio extraordinário o levou a ambicionar a demolição de quantas certezas haviam “acreditado, exigido, santificado” até então; alguém que foi, certamente, dinamite.
Soy dinamita!
Una vida de Nietzsche.
Sue Prideaux.
Editorial Planeta, Colección Ariel, Grandes filósofos. Barcelona 2019
536 págs. Rústica 23×15 cm
ISBN 9788434429772
23.90€
agência de notícias anarquistas-ana
Tarde de inverno:
Sobe do fundo dos vales
A sombra das montanhas.
Paulo Franchetti
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!