Poucos são os que não param. Olham das varandas, das portas das lojas, dos passeios. Uns aplaudem, outros ficam apenas curiosos e outros tantos tiram fotos. Sabem que são antifascistas quem por ali passa a gritar palavras de ordem contra o nazismo e o fascismo, mas não a razão mais específica de as bandeiras esvoaçarem, pacartas preencherem o horizonte e faixas avançarem pelas ruas de Lisboa num sábado à tarde. Mas isso não lhes tira a curiosidade.
Centenas de antifascistas marcharam este sábado à tarde, com um calor tórrido, entre o Rossio e a Praça Luís de Camões, passando pelos Armazéns do Chiado, para se oporem à conferência neonazi do Nova Ordem Social, de Mário Machado. Fizeram-no numa frente unida, onde os sectarismos foram quase postos de lado num grito comum da extrema-direita não ser bem-vinda em Portugal.
Nas suas fileiras estavam partidos, colectivos, associações, antifascistas, sindicatos. Portugueses e estrangeiros, militantes e ativistas, novos e mais velhos, experientes e inexperientes, mais ou menos ativos. E de todas as cores de pele. Várias gerações de antifascistas e anti-racistas. O povo saiu à rua, garantem os manifestantes. “Povo unido, fascista está fodido”, gritou-se.
A polícia avançou que a manifestação teve 400 pessoas, mas a organização contesta esse número e contrapõe que estiveram presentes 2000 pessoas entre o Rossio e a Praça Camões e 500 durante as intervenções.
“Nazis, fascistas chegou a vossa hora. Os imigrantes ficam, vocês vão embora”, gritam, com energia, os antifascistas. Ao longo da quase uma hora de marcha, os antifascistas não perderam a energia e quem integrava a manifestação não podia por vezes deixar de sentir um arrepio pela espinha. Erguiam-se punhos, puxava-se pelos pulmões e batiam-se, ritmamente, palmas. E depois ouvia-se: “Siamo tutti antifascisti” (somos todos antifascistas, em português). E, alguns, andavam, vestidos de negro, de cara tapada — eram sobretudo jovens.
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Carlos Seabra
parabens
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