Nas últimas décadas inúmeros escritos foram dedicados à Emma Goldman; se tratam principalmente de estudos de caráter biográfico, cheios de uma profunda admiração por seu ativismo apaixonado, seu temperamento indomável, a audácia de suas empresas sobre o controle de natalidade, o amor livre, o rigor de sua luta contra o recrutamento militar e a guerra e o enorme preço pago por suas ideias. A partir desse enfoque a maior parte dos autores seguiu o caminho traçado pela própria Emma Goldman em sua autobiografia Vivendo minha vida (Living My Life), a heroica aventura de uma mulher judia, imigrante e anarquista que soube aderir em sua vida seus próprios ideais.
“O braço da autoridade sempre interferiu na minha vida. Se continuei me expressando livremente, foi porque superei todas as limitações e dificuldades que cruzaram meu caminho. […]. Nisto eu não estou sozinha. O mundo deu à humanidade figuras heroicas que frente a perseguição e a injúria viveram e lutaram por seus direitos e pelos direitos da espécie humana a uma livre e ilimitada expressão.” – disse Emma.
Já nos anos trinta Emma Goldman havia se convertido em uma figura mítica, um ícone, o símbolo da força anarquista.
Em raras ocasiões os estudos colocaram em discussão um mito que, no entanto, obscureceu durante muito tempo a complexidade e a radicalidade do pensamento de Emma Goldman. A ativista apaixonada e a rebelde deixaram a pensadora em segundo plano. Carente de uma verdadeira criatividade intelectual, frequentemente excluída tanto dos estudos gerais sobre o anarquismo como os do feminismo, Emma foi descrita como uma divulgadora de teorias dos demais expoentes do anarquismo, em particular Bakunin e Kropotkin. “Ela não era de forma alguma uma pensadora política e social relevante”. Este julgamento, expresso em 1961 por Richard Drinnon em Rebel in Paradise (Rebelde no Paraíso), foi expresso constantemente com o passar dos anos. Ao perpetuar uma concepção consolidada na história do pensamento político que contrapõe a vida emocional e o pensamento, a maior parte dos estudiosos subestimou a contribuição da anarquista russa no plano teórico. Portanto não surpreende que tenham sido as estudiosas feministas, com a convicção de que a experiência existencial enriquece e ilumina o pensamento, as primeiras a considerar a filosofia política e social de Emma digna de atenção. O renovado interesse por seus escritos se manifestou a partir dos anos 70 impulsionado pelo movimento feminista, pelo levantamento estudantil e pelo movimento contra a guerra. “Na era do ‘faça amor, não faça guerra’ – relembra Candance Falk – eu e minhas contemporâneas devorávamos Vivendo minha vida, como se fosse escrito para nós”.
Bruna Bianchi
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Fonte: https://grupopensamientocritico2014.blogspot.com/2019/07/el-pensamiento-anarcofeminista-de-emma.html
Tradução > Daitoshi
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