A mudança climática é produto da sociedade industrial nascida há dois séculos na Europa e violentamente imposta ao resto do mundo. Foram dois séculos de envenenamento contínuo por efeitos nocivos de todos os tipos que trouxeram consequências devastadoras: desmatamento, desertificação, secas, inundações, escassez, tempestades violentas, extinção de milhões de espécies… Nesta situação, muitos buscam uma solução…
• As soluções estatistas e esquerdistas: reformas que apenas levam a uma intensificação da miséria além do que podemos imaginar. As soluções dos esquerdistas não apenas não criticam a sociedade industrial, mas a colocam em um lugar privilegiado em todo processo de mudança. Qualquer solução para a mudança climática deve surgir de suas tecnologias, quando vimos que foi o desenvolvimento das tecnologias industriais ou complexas as causadoras das mudanças climáticas, é o avanço da lógica da ideologia do progresso. Criando a ilusão de que existem atalhos tecnológicos sem levar em conta a raiz das causas das mudanças climáticas: principalmente a emissão de gases de efeito estufa. Uma dessas “soluções” tecnológicas é a manipulação do clima por meio da geoengenharia, que apresenta grandes riscos para os ecossistemas, pois se baseia no consumo excessivo de terra, águas e outros elementos naturais que alguns insistem em chamar de recursos. Quem vê a solução na tecnologia não param de cegar: os transgênicos iam acabar com a fome do mundo… as energias verdes com a contaminação… tudo isso para que o sistema tecno-científico continue funcionando, mas aumentando a miséria daqueles que precisam sobreviver nele. Estatistas e esquerdistas promovem a regulação das nocividades, tentam esconder que regulá-las é aceitar sua existência, promovendo tratados que regulem a emissão de gases de efeito estufa. É uma manobra de distração. Reduzir emissões significa aumentar a quantidade de gases, mas de maneira mais lenta. O clima muda em função da quantidade de carbono ou metano, e não das emissões anuais na atmosfera; portanto, reduzir as emissões continua provocando a mudança climática. Portanto, esquerdistas, políticos, ONGs… apenas pretendem regular a devastação, a mesma que está matando tudo que vive em qualquer lugar do planeta, para continuar vivendo neste sonambulismo tecnológico.
• Capitalismo verde, controle social e aceitação das condições de vida: A crise climática não destruirá o capitalismo, não estamos enfrentando um colapso, mas uma reestruturação das condições de vida. O capitalismo industrial está se adaptando ao fim da existência dos combustíveis fósseis e, seguindo sua lógica de eficiência e eficácia, tornou-se verde e ecológico, está promovendo e desenvolvendo energias alternativas para que o mundo possa continuar funcionando como está agora, as chamadas energias verdes perpetuam a existência do capitalismo, além disso, não existem energias verdes e/ou limpas na sociedade industrial. As energias verdes continuam causando a devastação, da energia solar cujos painéis solares compostos de silício (cuja extração envenena áreas próximas à mina com consequências devastadoras na vida daqueles povoam áreas próximas) até a energia eólica cujos materiais são produzidos da mesma forma. Nada é verde na sociedade industrial, a produção de carros (ou qualquer outro artefato industrial) ecológicos cria centenas de nocividades desde a extração dos materiais que o formam, a energia necessária para seu funcionamento, até o processo de fabricação do mesmo, para não falar das relações sociais que tudo isso gera. O mundo verde, das energias verdes nos levará ao mesmo pesadelo que produziu a “revolução verde” do século passado.
Diante da devastação causada pelas mudanças climáticas, o capitalismo está desenvolvendo medidas de controle social, uma vez que milhões fogem de lugares que as mudanças climáticas tornará inabitáveis. A Europa já está se protegendo com inúmeras medidas: de fronteiras militarizadas, medidas estritas de segurança interna, vigilância biométrica, testes de DNA e muito mais. Tudo isso visando o controle e a repressão daqueles que não têm lugar na fortaleza europeia e daqueles seus habitantes que se rebelam contra as condições de vida impostas. É necessário atacar a raiz do problema: a organização industrial do mundo, a sociedade tecno-científica e seu mundo sem delegar nada ou ninguém. Só então poderemos acabar com uma catástrofe que já está em andamento.
Bloco Anarquista Contra as Mudanças Climáticas (Madrid)
Tradução > keka
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