As longas jornadas de mobilizações nos mostraram que o apoio mútuo existe, e que a utopia libertária segue viva, pois por uns dias o Parque El Arbolito e seus arredores se transformaram neste lugar, esse lugar onde as pessoas se protegiam, se alimentavam, se cuidavam, se tratavam e se ajudavam. Comida, remédios e roupas chegavam sem parar, enquanto nas barricadas a Guarda Popular resistia aos ataques da polícia e repelia qualquer bomba de gás lacrimogêneo que pudesse afetar aos irmãos e irmãs que se encontravam dentro do Parque.
Por outro lado, sobravam mãos para preparar os alimentos que chegavam. Nunca faltou comida, nunca faltou pão, em cada esquina alguém te oferecia água, suco, frutas ou uma cesta de comida, enquanto te felicitavam e te alentavam a continuar na luta.
Era possível ver longas correntes de pessoas passando pedras de mãos em mãos para construir e fortalecer as barricadas. Também o grito de Médico!, para a brigada se apressar e ajudar os companheiros e companheiras feridas na batalha.
Assim, cada um de nós ajudou e contribuiu no campo de batalha, em correntes de apoio, na acomodação dos que chegavam, na cozinha, na brigada médica, e em cada um dos lugares que permitiu que esta mobilização fosse possível.
Vivemos a luta de classes e nos demos conta de que existem parasitas que só buscam seus próprios interesses e que não lhes importam matar ou utilizar toda a força que tenham à sua disposição (policiais e militares) para manter e defender seus privilégios. E assim compreendemos que não precisamos deles, compreendemos que eles são nossos inimigos.
Também aprendemos que nunca, mas nunca, se pode confiar na polícia, e que assim como a burguesia, são nossos inimigos e jamais poderão ser povo, nunca poderão sê-lo enquanto usam uniformes e se coloquem do lado do tirano.
Mas, sobretudo, percebemos que a mobilização popular, sim, dá resultados, que a organização e esforço podem mudar as coisas, e que os de cima nos temem, nos temem porque sabem do que somos capazes, e agora nos temerão ainda mais porque nós também sabemos disso.
Permanecemos alertas e críticos, porque isto não é nada mais que uma pequena demonstração do que ainda temos por conseguir.
PS: Obrigado a todos os companheiros e companheiras que desde suas trincheiras lutaram com convicção e sem descanso, sem pestanejar e sem dormir. Esta noite descansaremos e dormiremos merecidamente, mas amanhã a luta continua, e sabemos que teremos a mesma convicção e valentia com a qual mostramos nesta batalha.
Nada está terminado, tudo está apenas começando.
Alguns e algumas anarquistas de Quito
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Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!