Agora parece que “Lecce, a cidade do turismo” não tolera mais nenhuma dissidência. Uma cidade agora completamente gentrificada, sinônimo de uma cidade controlada. Os muros levantados após o despejo da nova ocupação anarquista no centro histórico, em um prédio de propriedade do município, falam por si. Fora do consumo, nada é concedido. E o centro histórico de Lecce agora é totalmente um lugar de consumo, incluindo bares e restaurantes, bares da moda e lojas de luxo, hotéis e B&Bs (hospedagem). Para os moradores do passado, apontados como habitantes do centro histórico, não há mais espaço. Não há espaço para resistentes de qualquer tipo. Os muros bloqueiam aqueles que não se adaptam ou são diferentes: sejam imigrantes vivendo no Giravolte por mais de vinte anos, ou aqueles que querem ocupar um espaço para expressar suas ideias e desejos. Esses muros são a expressão exata do poder. Isso é chamado Nós com Salvini [“Noi con Salvini”, coligação de partidos políticos liderada por Matteo Salvini, líder do partido “Liga Norte”, atualmente renomeado “Liga”] ou é chamado Nós com Salvemini (prefeito de Lecce), na verdade os processos realizados são os mesmos. Com brutalidade em primeiro, com um sorriso em segundo, segurança e decoro são a parte central da agenda de poder. Agenda que significa mais e mais policiais nas ruas, aniquilação da vida social, expulsão dos indesejáveis, controle total e homologação. Porque tudo está conectado e não é possível perceber o estranhamento.
Apenas aqueles que têm seus olhos fechados não conseguem perceber o quanto e como esse território está mudando, como as pessoas que vivem lá estão cada vez mais despojadas de sua própria existência. Árvores são erradicadas e a paisagem é apagada, substituídas por estruturas, estações de energia e cimento. Os espaços são fechados para erradicar o pensamento crítico, a dissidência e a rebelião. Pela polícia ou pela burocracia, a Autoridade quer apenas afirmar a si mesma e seu totalitarismo. Essa concepção básica de um Estado policial é basicamente a concepção básica de um Estado democrático e seus administradores. O resto é conversa de bar. Mas se os muros estão em pé, a coisa mais simples e mais urgente a se fazer é derrubá-los, quem quer que eles representem. Fronteiras, moralidade, aniquilação do pensamento crítico. Erradicar a rebeldia da natureza selvagem, tanto quanto a natureza anti-autoritária, não é uma missão fácil.
“Derrubem, sempre derrubem, porque quanto mais abusos são eliminados no presente, mais soluções igualitárias você fará para o futuro” – E. Cœurderoy.
Biblioteca Anarchica Disordine
E-mail: disordine at riseup dot net
Tradução > Brulego
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Carlos Seabra
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!