O Arxiu Fotogràfico de Barcelona apresenta uma exposição, organizada com o Observatori da Vida Quotidiana, sobre o aparato de propaganda da CNT durante a guerra civil. Gráfica anarquista. Fotografia e revolução social, 1936-1939 se poderá ver no convento de Sant Agustí a partir desta quarta-feira e até 16 de maio de 2020. Com esta mostra se faz evidente o aspecto revolucionário que teve a guerra civil e, ao mesmo tempo, divulgam imagens extraordinárias, geralmente pouco vistas. Este projeto, produzido inicialmente por La Virreina Centre da Imatge, e que contou com a colaboração do Ateneu Enciclopèdic Popular e a Fundación Anselmo Lorenzo, dispõe de um espaço web, graficaanarquista.com, onde se pode ver boa parte da pesquisa. Quem não puder aproximar-se ao Arxiu Fotogràfic de Barcelona, sempre tem a possibilidade de consultar a web, mas se perderá as magníficas reproduções das fotografias de Campañà, Pérez de Rozas ou Kati Horna que se pode contemplar na exposição.
O aparato de propaganda anarquista
A exposição se centra na tarefa do Escritório de Informação e Propaganda da CNT-FAI, que se situou na sede expropriada do Foment del Treball. Ali, os propagandistas anarquistas trataram de combater a imagem estigmatizadora que haviam dado deles, tanto o Estado como boa parte dos meios de comunicação. Para fazê-lo, geralmente recorreram à fotografia e à ilustração. Compraram fotos dos melhores fotojornalistas catalães, como Pérez de Rozas ou Antoni Campañà (ainda que alguns deles estavam ideologicamente nas antípodas da FAI). Também recrutaram a fotógrafa anarquista húngara Kati Horna. E contaram com a colaboração desinteressada de fotógrafos voluntários que enviavam seus materiais. Com tudo isso, a CNT-FAI conseguiu criar sua própria iconografia que difundiu através de postais, publicações, filmes e revistas. Inclusive dispuseram da melhor revista gráfica do período: Umbral.
A criação de um estilo próprio
A luta que se levava na frente bélica também chegou à frente jornalística. Os organismos de propaganda lutavam para ganhar a opinião pública para os diferentes setores em conflito. Os anarquistas criaram um estilo propagandístico próprio, ao qual se adaptaram muito bem os fotógrafos que trabalhavam para eles. As fotografias anarquistas nos apresentam vitoriosamente as expropriações: é muito reveladora a série de reportagens de Pérez de Rozas sobre as coletivizações agrícolas, que sempre apresenta alguma fotografia dos camponeses nas mesas de trabalho dos escritórios. Na exposição também se pode contemplar uma série magnífica de fotos sobre as apreensões das empresas leiteiras, e também cervejeiras (se vê o leite engarrafado com o logo da CNT, e também as fábricas coletivizadas de Damm e Moritz). A CNT, propagandisticamente, tentou inverter as relações de gênero. As fotografias de milicianas (por exemplo, as de Antoni Campañà), se converterão em todo um ícone da revolução (tanto para seus defensores como para seus detratores). Inclusive a derrubada de monumentos, como o de Antonio López, ou as destruições de templos católicos, terão a sua própria mítica, na propaganda anarquista.
Redescobrir todo um mundo
Andrés Antebi, Pablo González, Teresa Ferré e Roger Adán, que trabalharam conjuntamente como curadores da obra explicam que foram muito surpreendidos pela quantidade e a qualidade da fotografia e a propaganda anarquista. Uma parte dos materiais do Escritório acabaram por ser depositados no Arxiu Fotogràfic de Barcelona, muitos outros acompanharam os cenetistas ao exílio, e depois de passar por Paris e Londres, e sofrer importantes perdas, acabaram em Amsterdam, onde estão depositados no International Institute of Social History. E ali foram pouco estudados. Justamente, o que surpreendeu aos curadores é a falta de estudos sobre o tema. Se fala muito, ultimamente, da guerra civil, mas muito pouco da revolução social à qual esteve associada a Catalunha; “isso é porque agora não interessa a ninguém este discurso”, explica Antebi. Apesar de que, não há que esquecê-lo, Barcelona foi a cidade onde aconteceu a maior revolução anarquista do século XX.
Novos rostos da revolução
Na exposição se podem ver fotografias emblemáticas de grandes fotojornalistas, como Pérez de Rozas, Campañà ou Horna. Mas esta não é, fundamentalmente, uma exposição sobre o valor estético de uns poucos fotógrafos, mas sobre a articulação de um aparato de propaganda anarquista. E, neste sentido, é tão revelador ver as grandes fotografias de Campañà, como contemplar as publicações ilustradas anarquistas e analisar como funcionava o aparato de propaganda, com sua própria rádio, com a revista Campo, com Umbral, com a distribuição de cartazes e bandeirolas… A exposição deixa com vontade de saber mais. Por isso, será interessante ver o livro sobre Gráfica anarquista que se derivará desta exposição e que está previsto que se publique em fevereiro de 2020. E também se prevê, um ano mais tarde, a edição de um livro sobre a ilustração anarquista na guerra civil. Dois materiais que, sem dúvida, ajudarão a visualizar o papel da CNT no conflito.
Fonte: https://www.elnacional.cat/es/cultura/grafica-anarquista-exposicion-fotografia-cnt-ait_
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
Os grilos cantam
Na chegada da noite
Muito felizes.
Erica Kozlowski, 08 anos
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!