A seguir, declaração de um camarada anônimo preso na revolta chilena.
Camaradas, com imensa gratidão, saúdo-o da masmorra do presídio Santiago 1, onde meu corpo reside há mais de três meses. Enfatizando que o cativeiro é apenas físico, as ideias e a utopia seguem um curso resiliente e meu corpo aprisionado exige liberdade.
A sociedade, em seu estreito rancor, não pode conter minha vontade criativa, espontânea e libertária. Eu acuso um ódio visceral e um repúdio a essa sociedade opulenta e flagelante, distancio-me de sua estrutura moral e de todas as suas cadeias e instituições.
Decidi deixar a passividade para atacar, desde a vida cotidiana, seus símbolos e organismos que promovem e perpetuam essa pseudo-democracia. Essa meia-democracia, de cidadxs e ovelhas brancas, de riquezas e ostentações, onde prevalecem a competição e a individualidade, deixando de lado a coletividade e o apoio mútuo.
Os répteis do pântano não podem matar a águia em seu vôo, nem os esbirros podem rasgar o pensamento ou a convicção. Eles nunca podem nos calar, somos mais fortes que suas muralhas.
De negro, vou avançando, de luto pelxs camaradas que já partiram, por toda a miséria sofrida ao longo da história e seu perpétuo status-quo. Não me submeterei às suas regras ou à sua contínua evolução comercial, não ficarei calado diante de tanta desigualdade, nem no silêncio cúmplice e passivo do bom cidadão. Que a insurreição seja permanente, que o conflito se agudize, vamos avançar em direção ao nada criativo.
Eternamente grato pelos diferentes gestos e ações em absoluta cumplicidade, do amor revolucionário e anárquico, do meu sentir/estar neste lugar e de ter todxs na minha resistência constante e inabalável.
Amor por minha mãe e sua luta incessante por minha libertação e pela de todxs xs prisioneirxs da guerra social; amar ao meu filho e sua resistência neste momento difícil; amor cúmplice pelxs camaradas que seguem aguentando; amor pela minha família e pelas diferentes maneiras de entregar o seu carinho constante e irrefutável.
Estou caminhando para a criação de um novo mundo, para a recuperação da minha própria vida contra todas as formas de opressão, onde solidariedade, ação direta, autonomia e conflito permanente fazem parte da minha coragem nesta luta/resistência.
Contra a sociedade prisional e seus carrascos!!!
Insurreição e resistência permanentes!!!
Prisioneiro anarkista
Módulo 14
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
o rio pesado
corre sob a ponte
lua de chumbo
Rogério Martins
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!