Dia 26 – Pelados outra vez, anarquizando o encontro anarquista
Depois de tomar banho, pegamos um café e sentamos junto aos mesmos italianos da noite passada pra explicar a imigração italiana pra SP, o nosso sotaque ridículo e o vídeo do Vannucci, e dizer que era tudo brincadeira e adorávamos a Itália, ou pelo menos não tínhamos nada contra italianos. Eles entenderam, riram e viraram nossos amigos no final. Era o dia do futebol, então já saímos com a bola. Levamos também roupas, pra não ter que subir e descer de novo. O funiculaire tava lotadaço, parecia o metrô de São Paulo.
Nossa primeira parada foi a Tenda do Anarquismo, onde, segundo o Biko, ia rolar uma fala sobre a África do Sul. Chegamos lá e nem tava rolando, mas aproveitamos pra convidar outro maluco do Zabalaza (o Biko não tava) pra jogar bola de tarde com a gente. Ele se animou e disse que colaria. Fomos então pra feira do livro, onde fizemos algumas compras, a maioria pro Auto e pra Casa Mafalda: bandeiras antifa, cachecol antifa tcheco, bandeira rubro-negra com um A no meio e uma bandeira da República Espanhola, na época da Guerra Civil. Essa era vermelha, amarela e roxa, cores bizarrinhas. Também coletamos uma porrada de posters pra trazer pra casa – se conseguirem chegar inteiros. Reencontramos Wally e o Gabriel Kuhn e também convidamos eles pro futebol, mas, ocupados que são, não confirmaram muito.
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Dia 25 – O poeta Proudhon e a merda na churrasqueira
No camping de baixo dormimos bem melhor, um pouco por estarmos chapados e um pouco pelo chão ter mais grama. Lá rolava café, então depois de tomarmos banho, pegamos um treco pra comer. Por conta das reclamações do mural, vestimos eu a camisa do Palestino[1] e o Allan uma “The wall must fall”, dos anarquistas israelenses contra o muro. Nisso, um maluco com camiseta do Queretaro FC, time do México, veio nos interpelar. Explicamos do Auto, nem tocamos no assunto Palestina (nem ele). Ele era alemão, e de um princípio desconfiado passou a um certo interesse pelo rolê futebol e anarquismo.
Ainda no camping, conversei com o Bob, da fala antifa do dia anterior, sobre o FC United. Ele me mostrou a camisa do FC Kolektivo Victoria, time da cidade dele (Manchester) que segundo ele se pá vai pra Copa do Mundo Alternativa em Bristol. Conhecemos também uma mina holandesa enorme, a Nesca, que tinha acabado de chegar. Tocava violino e tava procurando um companheiro que tocava acordeon e ia tocar com ela durante o encontro. Falei que eu vi um cara tocando acordeon na noite anterior, mas nem sabia onde ele tava. Ela disse que provavelmente era ele. Allan me contou ainda que no banho, um alemão que era nosso vizinho de barraca e tinha nos amado, nos parando em todo canto que encontrava, perguntou pra ele se no Brasil tinha ÁGUA QUENTE. Socorro.
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Dia 24 – Cariocas, indonésia e italianos
É oficial: nossa barraca é a pior do acampamento. Quer dizer, a pior montada. Deu até orgulhinho punk de tão ruim, hehehe. Depois de dormir pouco e mal, passando frio, e acordar com o forno que virou aquilo às 8h30 da manhã, mexemos um pouco na barraca, depois ligamos o “foda-se” e fomos pro funiculaire, pegar o bicho lá pra baixo. Tinha duas conversas de manhã que queríamos ver: veganismo e anarquismo e uma mesa-redonda sobre anarco-feminismo. Tentamos a de veganismo, no Espace Noir: lotada, e com a tradução do francês pro inglês sendo feita meio no canto da sala. Um calor desgraçado. Ficamos 5 minutos e fomos pra mesa de anarco-feminismo, na Sala de Spetacle. Melhor, com tradução com aqueles fones de ouvido. Era uma mesa aberta, então muitas falas eram chaaaatas e até bobas. De repente encontramos a Mix[1], que tava com o companheiro. Cansamos rapidamente das falas e descemos pra feira de livros, junto da patinoire (cozinha).
A feira estava montada no ginásio de hóquei no gelo da cidade. Banquinha pra cacete, de todo canto. Demos uma olhada sabendo que passaríamos vontade, porque além da falta de grana, o fato de ter que pegar mais vôos da RyanAir nos impedia de carregar mais (muito) peso. Dando uma volta, encontramos o Gabriel Kuhn, que ficou tão feliz de nos ver quanto nós de vê-lo. Nos autorizou a traduzir o livro dele[2] do inglês pro português. Falamos rapidamente sobre a palestra dele, disse que foi boa mas meio corrida. Percebemos que todo o encontro acabaria sendo assim. Dando mais uma volta, achamos a banquinha da Federação Anarquista Francófona, que tinha o livro em francês que o Wally tinha nos mostrado na noite anterior. Custava 10 francos. Resolvi esperar encontrar o Wally pra ver se ele não doava um pra gente.
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!