Isso não se faz companheira, você não pode deixar a transmissão no meio do caminho. Você partiu muito cedo e conseguiu nos deixar um pouco em silêncio, o silêncio que ocorre quando temos que ficar sem a sua voz imprescindível.
A voz de Asun nos acompanhou nas rádios livres desde os anos 80, na distante Onda Vorde, que seria fechada pela Polícia Local de Zaragoza em 1989.
Ela veio de Cariñena, sua cidade, para fazer parte dos Estudantes Anarkistas, que dariam vida àquele programa de rádio que mais tarde seria um boletim escrito e se chamaria, ainda se chama, de Acratador. Começou a perseguição daquela voz dos sem voz que é a Rádio Topo, okupou, a despejaram e foi okupada novamente. Enfrentou a tropa de choque em um tumulto em frente da prisão de Torrero após a prisão do insubmisso Javier Acevedo.
A Casa da Paz, o CSL, A Revolta, o Ateneu Libertário, Ruda, tantos grupos e iniciativas às quais você deu vida… Uma vida militante de quem pensa em mudar as coisas, mesmo que o peso dos anos avançasse no seu corpo.
Os obituários fazem pouco sentido se você não souber de quem eles estão falando, então direi a quem te ouviu que sentirei falta da sua tremenda pronúncia do inglês na rádio, do seu gênio vivo e da sua paixão por se informar, do seu tesão em colaborar com o programa que levamos em frente em pleno confinamento total.
São muitas recordações, lágrimas também.
Tranquila, descanse em paz. Continuaremos a falar por você e para você. Que a terra te seja leve, companheira, irmã.
Asunción Ubide, Asun. 1966-2020
agência de notícias anarquistas-ana
uma lua
e um lago gelado
refletem-se um ao outro
Hashimoto Takako
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!