“Se você deseja ter uma visão do futuro, imagine uma bota estampada em um rosto humano – para sempre.” – George Orwell, 1984
Pela enésima vez, um uniforme na América mata um homem de cor. O policial está sufocando George Floyd, pressionando-o com o joelho no pescoço, acrescentando outro incidente de opressão policial à enorme lista de assassinatos pela violência estatal nos Estados Unidos. Desde terça-feira, protestos contra o racismo e a brutalidade policial começaram em Minneapolis, provocando tumultos em massa. Durante os protestos, um dos manifestantes foi encontrado morto pela bala de um dono de loja de penhores (conforme as informações até agora), entrando também na lista de pessoas que morreram por pertencerem à classe e à base social. Claro, não temos ilusões. A brutalidade capitalista e do Estado mostra repetidamente sua verdadeira face.
A estrutura de classe racista da sociedade americana é um dado óbvio. Os atos para-estaduais da Ku Klux Klan foram substituídos pelos policiais legais do Estado. Todos os dias as minorias nos EUA são submetidas a violência e racismo, com 40% dos assassinatos cometidos pela polícia e 35% dos presos sendo afro-americanos. Uma análise das taxas de mortalidade por Covid-19 prova o tratamento desigual que eles enfrentam. Eles morrem pelo vírus três vezes mais que os brancos por variadas causas, como a falta de acesso ao sistema de saúde, baixa renda, más condições de trabalho. A miséria que os afro-americanos estão enfrentando nos guetos é sufocante, assim como George que estava sufocando sob a bota do policial. “I can’t breathe” (Eu não consigo respirar). Um slogan que inclui o grito de todos os oprimidos de todas as partes do mundo. O racismo e o fascismo estão por toda parte e são alimentados pelo Estado e pelo capitalismo.
Alguns insistem em exorcizar a brutalidade dizendo o bem conhecido: “felizmente não somos a América”. No entanto, basta pertencer a uma minoria em qualquer país para se ser assassinado. Tudo o que você precisa fazer é ser um imigrante, refugiado, LGBT+, mulher, anarquista, e você pode também cair no chão e ser espancado até soltar seu último suspiro. Enquanto você pertencer aos oprimidos deste mundo, sua vida não terá valor. Enquanto você lutar contra o falido sistema de opressão e exploração, poderá também entrar na mira assassina das autoridades e da lei. Desde que o assassino use um uniforme e seu ato não seja considerado culpável. No momento, Derek Chavin, o policial que matou George Floyd (assim como seus cúmplices nos assassinatos de Thomas Lane, Tao e Alexander Kweng) está livre e nenhum processo judicial foi iniciado contra ele. Parece que por um tempo ele terá que substituir o molde policial pelo capuz da Ku Klux Klan. Mudança de turno.
A polícia em todo o mundo é uma mistura de racistas e assassinos blindados. E é exatamente isso que o próprio Estado quer que a polícia seja, para que possa efetivamente realizar a tarefa que lhe é incumbida: torturar os fracos e proteger os fortes. George Floyd e Jacques Costopoulos tiveram uma audiência – eles pertenciam à classe e identidade social que o paradigma dominante odeia. O Estado e sua polícia continuarão pisando no pescoço até a morte dos fracos e empobrecidos, enquanto a sociedade registra os assassinatos em seus celulares, em vez de se rebelar contra seus opressores. Pois o fato de ninguém ter reagido, possivelmente temendo a violência descontrolada da polícia, significa que a autoridade da polícia não tem medo de ninguém e continuará atropelando os oprimidos. A revolta é uma via de mão única para a autodefesa social e o ataque contra a brutalidade policial e a ordem de morte do Estado.
Por George Floyd, Jacques Costopoulos, Eleni Topaloudi. Para Alexis Grigoropoulos e as greves de fome na Turquia…
A REVOLTA SOCIAL É UMA ARMA DE AUTODEFESA DOS OPRIMIDOS
SOLIDARIEDADE ENTRE AQUELES QUE ESTÃO SE REBELANDO EM MINNEAPOLIS E AO REDOR DO MUNDO
CONTRA A VIOLÊNCIA POLICIAL E A REPRESSÃO DO ESTADO
Grupo pelo anarquismo social “Black & Red”, membro da Organização Política Anarquista (APO)
Tradução > A. Padalecki
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cai a casa de vespas.
Anibal Beça
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!