Por Emília Cerqueira
É preciso ter uma visão global do planeta e não me refiro especificamente às alterações climáticas. Refiro-me ao canibalismo social visível há mais de vinte anos na Europa, com o acordo de Schengen, muralhas invisíveis para aqueles que vinham do Sul, cada vez mais a Sul…
Africanos de todo o continente, mais a norte ou ao centro e cada vez mais ao sul. Guerras organizadas e financiadas pelo capitalismo global, armas vendidas pelo Norte e disparadas no Sul… quem empunha as armas contra os seus vizinhos, identidades assassinas… isso é canibalismo social.
Canibalismo social é não se ter um serviço nacional de saúde de qualidade.
Canibalismo social é o deixa andar, é o deixar que os outros resolvam os problemas. É a lei do desenrasca. Cada um que se avie. Cada um no seu castelo, cheio de muros visíveis ou invisíveis.
Canibalismo social é a comunicação social.
Canibalismo social é o capitalismo global e local.
Canibalismo social é o “servir-se” e “deitar fora em seguida”.
Canibalismo social é o terrorismo do Estado que não impõe quarentena ao vampirismo da Banca mas permite que as mulheres fiquem numa situação cada vez pior, desempregadas agora, às centenas, a tomar conta dos filhos em casa.
Canibalismo social é terem as famílias há muito abandonado os seus idosos, muitas vezes até nos hospitais e, agora, é a própria comunidade que os abandona a uma morte atroz nas instituições.
Canibalismo social é a perseguição que tem sido feita a médicos e enfermeiros por parte do Estado, ao longo destes anos. A perseguição que se tem feito aos professores. à cultura em geral. Aos investigadores. Aos trabalhadores indeferenciados ou especializados.
Canibalismo social é a escravatura do teletrabalho quando se regressa a casa.
Canibalismo social é o que se ensina às crianças nesta sociedade que as despreza. Que as põe precocemente em isolamento social, em frente de televisões e tablets, no meio de jogos de guerra absolutamente destrutivos de sentimentos humanos.
Canibalismo social é o que se passa na maior parte das famílias.
Canibalismo social é o que se passa nesta sociedade, em que ninguém se olha nos olhos, ninguém se reconhece no outro, com as fronteiras abertas ou fechadas.
Canibalismo social ou revolução social?
(Talvez um vírus que “passeia” por nós assim tão facilmente e nem seja assim tão mortal e que por isso se permita ser tão contagioso, nos ensine a ver os outros e a recuperar a empatia.)
agência de notícias anarquistas-ana
Venha brincar comigo,
Pardalzinho
Sem pai e sem mãe.
Kobayassi Issa
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!