Uma chamada de ajuda mútua em caso de desastre para compartilhar habilidades e recursos para tantos locais quanto for possível.
Nos últimos três meses, começando com a pandemia e expandindo-se para a atual rebelião, houve um lindo florescimento de ajuda mútua. Esses projetos nasceram das sementes do cuidado coletivo já existente. De fato, “ajuda mútua” não foi inventada pelos teóricos sociais radicais, mesmo que o geógrafo anarquista Peter Kropotkin tenha nomeado esse esforço em seu livro de 1902, “Ajuda Mútua: Um fator de evolução”. Tem sido uma prática vivida que se estende por séculos, porque a cooperação recíproca, igualitária e voluntária funciona, o que era exatamente o ponto de Kropotkin. A ajuda mútua, na verdade, nos permite suprir uns aos outros com vida – não meramente sobreviver, mas crucialmente, prosperar – contra as estruturas desastrosas de violência e morte que estão agora sendo tão poderosamente desafiadas.
Surpreendentemente, graças à resistência inflamada nas ruas nos últimos tempos, estamos vendo o velho mundo começar a desmoronar mais rápido do que qualquer um de nós poderia ter imaginado. Nos destroços das delegacias destruídas e das viaturas incendiadas, pessoas estão usando formas criativas de ajuda mútua para cuidar bem umas das outras de maneiras e em escalas também inimagináveis alguns meses atrás. E não é apenas em algumas grandes cidades já radicais. Essa revolta e a ajuda mútua surgindo ao seu redor está acontecendo em todos os lugares, de cidades médias a pequenas, subúrbios e vilas, além de áreas e zonas rurais, e lá também, a ajuda mútua é fundamental.
Ainda que nem todos os lugares não sejam iguais. Algumas cidades e comunidades em Turtle Island – por estarem, digamos, no coração da revolta, sob o holofote da mídia, ou já terem uma estrutura muito radicalizada – tem uma quantidade desproporcionalmente grande de pessoas empoderadas, materiais, e dinheiro. Outros têm pouco ou nenhum.
Felizmente, parte da beleza da ajuda mútua é sua estrutura rizomática, permitindo a ela se desenvolver continuamente e horizontalmente na medida que apoia continuamente novas possibilidades de solidariedade social, dignidade e liberdade. Podemos desenvolver nossa sensibilidade não hierárquica, nos tornando mais interdependentes, mais cooperativos – conectando e compartilhando à distância.
Queremos encorajar todos os espaços, projetos, lutas sociais e movimentos auto-organizados a redistribuir radicalmente nossa abundância coletiva de ajuda mútua além de nossas localidades imediatas e, assim cultivar relacionamentos mais fortes e até laços de amor nesse momento de tantas promessas. Você tem mais do que você jamais sonhou, por exemplo, em seus suprimentos médicos e fundos de fiança, para dar apenas dois exemplos? Que tal encontrar comunidades na sua região ou ecossistema que precise de um ou ambos, e redistribuir um pouco para eles? Você está em uma cidade pequena que precisa de suprimentos médicos e fundos de fiança, e ninguém fora de sua comunidade sabe disso ainda? Como você pode melhor “se cuidar e cuidar dos outros” de uma forma que não se limite às “fronteiras” de sua cidade grande?
De nossa parte, a Mutual Aid Disaster Relief – MADR (Redistribuição Radical de Ajuda Mútua) está feliz em conectar pessoas e ajuda mútua sempre que possível. Se você faz parte de um pequeno e emergente esforço de ajuda mútua que está tendo dificuldade em atender às necessidades de sobrevivência das pessoas em sua comunidade, por favor entre em contato conosco para apoio e suporte em MutualAidDisasterRelief@gmail.com.
Então, vamos nos voltar uns para os outros, por toda parte e perguntar “O que você gostaria de receber?”, “O que eu poderia te dar?” (ou “Aqui está o que eu posso te oferecer!”) e “Como podemos melhor nos encontrar e nos ajudar mutuamente, meu amigo?”
Fonte: https://mutualaiddisasterrelief.org/pt/radically-redistributing-mutual-aid/
Tradução > Brulego
agência de notícias anarquistas-ana
Chuva cai lá fora
No batuque das goteiras.
Eu durmo tranqüilo.
Natacha Lemes Batistão
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!