Por Danielle Kulp| 10/06/2020
Em muitos lares americanos, pessoas estão apertando suas mãos e se perguntando: “o que está acontecendo?” Eles vêem os incêndios, os danos, os saques e se perguntam como a morte de um homem, George Floyd, poderia causar tudo isso. Talvez alguns deles estejam um pouco mais informados sobre o ciclo de notícias, e eles conheçam a tragédia da morte de Breonna Taylor. Ou como Amy Cooper, quando solicitada a levar o cachorro para passear no Ramble, no Central Park de Nova York, disse ao ex-editor da Marvel e ávido observador de pássaros Christian Cooper (sem parentesco) que ela iria ligar para a polícia e “dizer a eles que um homem afro-americano está ameaçando a mim e ao meu cachorro”, enquanto ela estrangulava o dito cachorro. Eles podem concordar que esses vídeos são trágicos, podem ter votado nos democratas, mas pensam que “tumultos e protestos como esses não são o caminho” ou “isso não é algo que Martin Luther King teria concordado” e “os saques abafam qualquer mensagem positiva que deveria ser recebida.” Talvez essa imagem do americano comum seja seu tio liberal, seu colega de trabalho, seu amigo bem-intencionado que se fecha ao primeiro sinal de confronto.
Como radicais da classe trabalhadora, sabemos que não são apenas alguns destes incidentes, mas décadas de violência contra os corpos negros sob a forma de leis, políticas, regras não ditas, preconceitos proferidos em voz alta, micro-agressões silenciosamente mutiladoras e assassinato explícito. Nossos camaradas negros nos pedem para ampliar as vozes negras neste momento: doar em apoio ao Black Lives e fundos de fiança, assistir a vídeos no YouTube cujo rendimento vai diretamente para a organização Black Lives Matter, apoiar a economia negra, artistas negros e criadores negros.
Mas o primeiro passo, o mais desconfortável, é conversar com seu tio liberal ou conservador, que está colocando a perda de propriedade sobre a vida negra e que, de alguma forma, apesar dos protestos internacionais de centenas de milhares de pessoas, ainda não é capaz de ouvir a mensagem das vozes negras exigindo o direito de viver sem medo. Precisamos ter essas conversas mesmo com o risco de prejudicar o relacionamento, a amizade, porque sentir-se desconfortável faz parte do processo. Estar desconfortável salvará vidas. Então, o que há para falar? Como afirmado anteriormente, os tópicos são numerosos. Para começar, podemos trazer à tona a história do redline, do complexo industrial prisional, do pipeline da escola para a prisão e da campanha de Nixon contra os Panteras Negras que transformaram a pele negra nos pesadelos dos americanos brancos suburbanos e como essas táticas ainda são usadas hoje.
Conversem com eles sobre privilégios de brancos e sobre a maneira como os antepassados de nossos imigrantes se voltaram contra a próxima onda de imigrantes. Conversem com eles sobre as desigualdades na assistência à saúde dos negros. Falem com eles sobre o verdadeiro Martin Luther King. Conversem com eles sobre o duplo padrão da “minoria modelo”, a esterilização de mulheres negras, nativas e latinas e as sentenças mandatórias mínimas que criaram novamente o trabalho escravo legal.
Esta lista não é exaustiva, mas agora não é hora de se esgotar. Essas conversas precisam acontecer, mas levarão tempo. É nosso trabalho como aliados ajudar a proteger nossos camaradas negros de ter que ter essa conversa com nosso tio liberal e conservador. Apenas circulando memes online não é o suficiente, e conversas gentis e persistentes são o que deve acontecer. Tenham essas conversas porque nossos amigos negros não podem evitá-las. E tenham essas conversas com vocês mesmos também.
O trabalho de permanecer radical nunca acaba. Nós não colecionamos insígnias anti-racismo até que a faixa de escoteiro de solidariedade esteja cheia! Estejam dispostos a acender a luz em sua própria alma e erradicar o que ainda resta da doutrina cultural racista. Estejam abertos à possibilidade de que ser radical é aceitar que às vezes podemos estar errados. É uma atitude que estaremos sempre evoluindo e avançando. Nós podemos fazer isso. Nós podemos fazer melhor.
Fonte: http://ideasandaction.info/2020/06/conversation-happen/
Tradução > A. Padalecki
agência de notícias anarquistas-ana
Estrelas, surgindo
Aqui e acolá —
Ah, o frio!
Taigi
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!