Com o apoio de militares, da Igreja e de outros países autoritários, o governante instaurou um regime de medo e opressão na Espanha entre 1936 e 1975
Por Pamela Malva | 05/06/2020
Em diversas partes do mundo, o século 20 foi marcado por regimes essencialmente militares. Golpes, guerras e governos ditatoriais foram eternizados em grande parte dos continentes, por mais diplomáticos que os países fossem.
Na Europa, por exemplo, o longo e duradouro histórico de monarquias não foi o suficiente para abafar militares sedentos pelo poder. Esse foi o caso da Espanha, que, nas mãos de Francisco Franco, sofreu um duro regime autoritário.
Marcado por revoltas, diversas atrocidades e um mau comando, a ditadura erguida pelo governante ficou conhecida como franquismo e perdurou entre 1936 e 1975. Seu fim chegou à galopes, no mesmo ano da morte de Franco.
A carta de aval
O ditador só chegou ao poder após o fim da Guerra Civil Espanhola, em 1936. O país tentava se recuperar de um conflito agressivo, que deixou centenas de milhares de mortos — os números, até hoje, são especulações.
Com a ajuda de importantes aliados, como a Itália fascista e a Alemanha nazista, Franco conseguiu instaurar um forte governo ditatorial, pôs fim à Segunda República Espanhola e declarou-se comandante do Reino da Espanha. Em pouco tempo, ele passou a liderar um regime militar em plena Segunda Guerra Mundial.
Uma vez no poder, o ditador tinha militares e grupos conservadores — conhecidos como Movimento Nacional — ao seu lado na luta contra os últimos resquícios da república espanhola. Com essas influências, foi mais do que fácil para Franco construir um governo nacionalista, conservador e com diversas características fascistas.
Mesmo após a derrota do Eixo na Segunda Guerra, o franquismo seguiu firme e forte. Perdeu muito de seu cunho fascista, mas continuava opressor. Começou, então, uma onda agressiva de assassinatos, crimes e autoritarismo.
Quem manda sou eu
Franco começou por reprimir todo e qualquer partido político que não o seu. A partir daí, frente a medidas nacionalistas e que beneficiavam o clero, a Igreja Católica espanhola caiu nas graças do franquismo e passou a apoiar a ditadura massacrante.
A repressão às minorias foi o segundo passo. Com grande parte dos nomes mais influentes da nação ao seu lado, Franco passou a perseguir diversos grupos étnicos, como os catalães e os bascos.
O Terror Branco, como ficou conhecido o período fatal, então, direcionou seus rifles às classes contrárias ao regime. De repente, protestantes, livres-pensadores e intelectuais estavam na mira da ditadura.
Ao mesmo tempo, a política interna e externa da Espanha não poderia piorar. Franco não era o melhor dos líderes que o país já viu e a economia sofria com o mau gerenciamento. Mais do que nunca, o desenvolvimento estava congelado.
Foi nesse momento que Francisco pediu ajuda para um antigo conhecido: os Estados Unidos. Em um acordo inteligente, o ditador trocou milhões de dólares norte-americanos por bases militares em território espanhol.
Com a parceria, a roda da economia espanhola voltou a girar e, na década de 1960, o país voltou a crescer. Antes disso, no entanto, Franco fez jogadas estratégicas para garantir o seguimento de suas políticas. Em 1947, por exemplo, ele sancionou a Lei de Sucessão, que previa uma monarquia após a morte do ditador.
Represión Franquista
Comandante de centenas de militares posicionados em todos os cantos da Espanha, Franco manchou a europa com o sangue de mais de 150 mil mortos durante o Terror Branco. A violência nas ruas era brutal, e ninguém mais estava seguro.
O franquismo logo passou a ser conhecido pelos estupros, assassinatos, perseguições e sequestros cometidos durante a chamada Represión Franquista. Nas ruas, homens com enormes rifles andavam tranquilamente, enquanto civis se escondiam, com medo.
Em 1975, com a morte de Franco, o regime ditatorial chegou ao fim. Suas cicatrizes, entretanto, persistiram até 2006, quando grupos apoiadores de Francisco ainda se reuniam para homenageá-lo — comemoração que foi proibida em 2007.
Ainda em 2006, em uma de suas últimas tentativas de deixar o franquismo nos livros de história, o Parlamento Europeu condenou o regime de Franco. Segundo os parlamentares, existiam evidências suficientes para provar que a ditadura instaurada na época violava os direitos humanos.
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