Que soltem os 10% e soltem tudo ou nós os tiraremos à força! – Um apelo à agitação para protestar onde puder, como puder e como possível for, em todos os territórios, e também para pensar em saídas a partir do Anarquismo.
O conflito que mais uma vez está expulsando a classe explorada de suas casas se dá em razão de que o Governo e a comunidade empresarial burocrática estão freando o projeto que permite axs trabalhadorxs sacar os 10% de sua AFP (sistema de previdência privada) para posterior substituição. E como não explodir! Se o sistema AFP é extremamente desumano, capitalizando e roubando… Quanto dinheiro eles absorvem do que uma pessoa que foi explorada toda sua vida consegue salvar para que, se não teve uma vida digna, possa finalmente passar uma velhice tranquila? Eles são enriquecidos não apenas pela remoção de nossa força de trabalho e do que produzimos, mas também extraem de nós parte do que nos é devido, aumentando nosso desespero e nossa pobreza, o que tem sido mais do que evidente no contexto do confinamento. E é justamente nessa pobreza exposta à luz, que eles retornam a esse abandono consciente próprio de um Estado que já não tem mais suas máscaras de benfeitor, paternalista, mas mostra o que é realmente um Estado: o gerente de nossa exploração, nossa força de trabalho, nossos salários e nossas mortes.
Nosso compromisso é apoiar a entrega dos 10%, curvando-se aos apelos à agitação nas ruas e espaços auto-organizados, mas também queremos que tudo seja entregue, que a AFP seja abolida e que se questione a existência de um trabalho assalariado que nos obriga a vender toda a nossa vida em troca de um salário mínimo que mal nos sustenta na nossa vida diária, e com muito mais esforço, na velhice, à custa de uma vida de escravidão do trabalho que ninguém escolheu, pois é o modelo imposto. O slogan da mudança do sistema AFP para outras formas existe há muito tempo e gerou todo um movimento social e político no território (com NO+AFP e as propostas para um sistema de repartição solidária, por exemplo).
Bem, agora é hora de nós, como anarquistas, também pensarmos em alternativas antiestatistas a este desastre neoliberal, e isso é urgente. Porque não queremos mudar este modelo por outro que parece ser legal, e que continua a colocar os bonecos políticos do momento no comando da gestão econômica de nossas vidas. Não queremos que o Estado volte às suas máscaras, queremos que ele continue com seu rosto assassino exposto, para que possamos continuar a lutar e dizer que não queremos nenhum Estado, queremos nos organizar horizontalmente e fortalecer e enriquecer os espaços de classe, entre iguais, sem entidades subsidiárias que continuarão nos roubando e se enriquecendo com nossa subordinação e miséria.
Não vamos parar de apoiar as lutas de classe, mas, ao mesmo tempo, não vamos parar de dar-lhes uma volta a partir do ideal, para que possamos ser propositivxs e construir territorialmente e autonomamente também estas alternativas sem hierarquias, sem grupos de poder e sem intervenção estatal ou empresarial.
Queremos os 10% de volta e 100% de nossas vidas inteiras!
Assembleia Libertária de Cordillera
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
Lá, bem sobre a estrada,
a casa entre flores onde
não entrarei nunca.
Alexei Bueno
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!