[França] Centenas de granadas francesas lançadas contra a população libanesa

“O know-how francês”: quem faz as munições?

Os manifestantes libaneses publicaram várias fotos das munições lançadas pela polícia para reprimir o protesto. Toda vez são as granadas francesas que conhecemos muito bem: os famosos projéteis de gás lacrimogêneo cinza e marrom produzidos na França e exportados para todo o mundo. Mas quem exatamente fabrica essas armas? Quem lucra com o sofrimento dos povos? Duas empresas:

• A empresa Alsetex, que produz todo tipo de granadas, LBDs [armas de bala de borracha] e lança-granadas. Sua fábrica está sediada em Précigné, na região de Sarthe, na França. É o número 1 no setor.

• A empresa Nobelsport, que produz principalmente granadas de gás lacrimogêneo, e exporta a grande maioria de sua produção para o exterior. Está sediada em Pont-de-Buis, em Finistère.

Toda vez as vendas são feitas com a autorização do governo. Lembrando: a França é um dos principais exportadores de armas do mundo. Durante a onda de revoltas no mundo árabe em 2011, o “know-how francês” [saber fazer francês] é compartilhado com a Tunísia. Os policiais do Bahrein, um pequeno reino do Golfo, asfixiaram dezenas de pessoas lançando granadas de gás lacrimogêneo diretamente em suas casas. Granadas da Alsetex. Em junho de 2013, o povo de Istambul tomou as ruas contra o presidente Erdogan. A polícia turca lançou gás lacrimogêneo em protestos intensos. Vários manifestantes foram mortos por munição francesa. Dois anos antes, o Ministro do Interior francês havia assinado um “acordo de cooperação na área da segurança interna” com o governo turco. No outono de 2014, em Burkina Faso, uma série de motins preocupou o chefe de Estado. Várias pessoas foram mortas e algumas ficaram feridas. Os manifestantes pegaram os cartuchos lançados: eram granadas francesas. Em 2019, são os canhões de água franceses que suprimem as manifestações em Hong Kong. As munições francesas são utilizadas a partir de janeiro de 2020 no Líbano, contra manifestações anti-governamentais. A polícia francesa é conhecida por sua experiência mundial em estratégias de policiamento. Suas doutrinas de contra-revoltas, herdadas da guerra argelina, são compartilhadas há décadas, do Chile de Pinochet às ditaduras árabes.

Uma ideia de ação concreta e solidária com os povos em luta? Uma ação que poderia ajudar as revoltas muito além de nossas fronteiras? O bloqueio das fábricas de granadas em Sarthe e Finistère. Sem granadas para os poderosos do mundo!

Nantes Révoltée

Tradução > Estrela

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2020/08/11/franca-macron-no-libano/

agência de notícias anarquistas-ana

Os beijos da tarde
são feitos de mil fragrâncias
de velhas saudades.

Humberto del Maestro

Compartilhe: on Twitter on Facebook on Google+