Desde 19 de julho, quando a polícia municipal nos expulsou da Praça Tirso de Molina com a ameaça de sanções e apreensão dos postos, temos nos reunido todos os domingos para protestar contra esta decisão arbitrária da prefeitura. Sustentamos que é uma decisão mais política do que sanitária, pois naquele dia estávamos cumprindo as medidas impostas pela Comunidade; máscaras, distância entre os postos, géis de desinfecção das mãos, se acrescentarmos a isso que o espaço na praça é grande e o número de postos que montamos naquela manhã era pequeno, não era possível ter multidões.
Na verdade, a única justificativa oficial que recebemos dos oficiais foi não ter uma licença e a declaração de que “O El Rastro – Mercado de Pulgas – foi fechado por ordem municipal”. A realidade é que o El Rastro ainda hoje está fechado, pois as bancas não aceitam os planos de reforma da Prefeitura que procuram acabar com o emblemático mercado de pulgas como o conhecemos, e também sabem que há mais de três décadas as bancas políticas não estão licenciadas. Por esta razão, estamos convencidos de que a Pandemia é apenas uma desculpa para eliminar os postos políticos que difundem ideias e cultura livre, e é claro que Tirso de Molina e El Rastro também fazem parte dos planos de gentrificação que estamos sofrendo na área nos últimos anos.
Os postos políticos de Tirso de Molina podem ser administrados com medidas de distanciamento e proteção de acordo com as medidas que muitos outros mercados da cidade têm enquanto durar esta crise sanitária, não permitiremos que a Câmara Municipal, através da repressão policial, faça desaparecer nosso espaço. A praça deve continuar sendo o que tem sido durante estas quatro décadas: um lugar retirado da ordem estabelecida para expressar outras opções políticas, outras sensibilidades e outras ideias, um lugar de expressão e encontro às margens do sistema.
Nem um único passo atrás na defesa de nossos espaços conquistados do poder e da ideologia dominante através da mobilização e da luta. Não estamos dispostos a permitir que a Pandemia destrua as liberdades e direitos que foram retirados do Sistema. Hoje é Tirso de Molina, amanhã serão nossos direitos trabalhistas, depois de amanhã os despejos, o desemprego e a miséria. A situação social é crítica nesta nova crise que se aproxima e tirar-nos das ruas é tentar tornar invisível o descontentamento e a raiva social para que estejamos trancados em casa e seus planos de reestruturação sejam aplicados sem resistência. Não podemos permitir que isso aconteça.
Finalmente, queremos dizer ao prefeito e sua equipe de governo que os postos de Tirso vão ficar, e que não vamos parar até que os postos sejam novamente preenchidos com cultura e autogestão todos os domingos.
LIBERDADE AOS POSTOS POLÍTICOS
ASSEMBLEIA DE POSTOS POLÍTICOS NA PRAÇA TIRSO DE MOLINA
Twitter @Puestos Tirso
Tradução > Liberto
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Eugénia Tabosa
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!